O câncer de cabeça e pescoço é um grupo de tumores que afeta as cavidades oral e nasal, a faringe, a laringe, os lábios e a tireoide. Ele acomete, sobretudo, homens com mais de 60 anos e representa cerca de 3% de todos os tipos de câncer. Aproximadamente 76% dos casos só são detectados quando estão em fase avançada, o que dificulta o tratamento e aumenta o risco de mortalidade.
Por isso, as campanhas de conscientização da importância de identificar o câncer de cabeça e pescoço, principalmente os tipos que estão relacionados com a redução do consumo de álcool e do tabagismo, são fundamentais para alertar sobre a relevância do diagnóstico e tratamento precoce.
Nesta edição, o Dr. Guilherme Avanço, oncologista especializado em tumores de cabeça e pescoço do Hospital Nove de Julho, explica o que é, quais são os sintomas e os fatores de risco e como é feito o diagnóstico da condição. Saiba mais!
O que é câncer de cabeça e pescoço?
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o carcinoma de cabeça e pescoço representa a quinta maior incidência de cânceres entre os homens. A doença pode afetar os lábios, as cavidades oral e nasal, a faringe, a laringe e a tireoide, como mencionado anteriormente. Grande parte dos pacientes afetados por tumores nessa região é formada por homens, em sua maioria com mais de 60 anos.
Mais de 70% dos casos de câncer de cabeça e pescoço são relacionados com o tabagismo e o etilismo, sendo estes os principais fatores de risco para o surgimento da doença. No entanto, os casos de tumores relacionados com infecção por Papilomavírus humano (HPV) aumentaram progressivamente nos últimos anos.
O crescimento desse câncer costuma ser lento nas fases iniciais. Ele pode se instalar como uma lesão maligna ou surgir por meio de lesões pré-malignas, chamadas eritroplasias e leucoplasias, que podem ser identificadas durante uma avaliação feita por um profissional qualificado. Já em etapas avançadas, as células podem deslocar-se em direção aos linfonodos cervicais e seguir na circulação sanguínea, causando metástases em órgãos como o fígado, os pulmões e os ossos.
Quais são os sintomas do câncer de cabeça e pescoço?
Normalmente, o câncer de cabeça e pescoço é silencioso. Quando aparecem sintomas, há um grande indício de estágio mais avançado da doença. Os principais sinais da condição são:
- feridas que persistem no rosto, na boca ou na garganta;
- rouquidão;
- engasgos frequentes;
- dor ou dificuldade para engolir;
- emagrecimento sem causa definida;
- cansaço excessivo;
- febre e sudorese noturna;
- múltiplos gânglios aumentados pelo corpo.
Ao surgimento de qualquer um desses sintomas, o médico deverá ser consultado. “Quando há a suspeita de câncer, é feita uma avaliação cuidadosa das estruturas do pescoço (cadeias linfáticas, boca, garganta, nariz e ouvidos) para identificar sua localização, inclusive com a realização de exames para visualização direta dessas estruturas, como a nasofibrolaringoscopia. À identificação de uma lesão suspeita em algum desses locais, é feita uma biópsia. Confirmado o câncer, uma avaliação por meio de exames laboratoriais e de imagem, que podem incluir ultrassonografia, tomografia, ressonância magnética ou PET-CT, para confirmar a extensão da doença e programar o tratamento, é necessária", explica o Dr. Guilherme Avanço.
Caroço no pescoço: o que pode ser?
Conforme explica o Dr. Guilherme Avanço, geralmente, é decorrente de um linfonodo (também chamado de gânglio linfático) aumentado ou com inchaço, popularmente conhecido como íngua. Esses quadros podem ser indolores ou causar alguma dor ou desconforto. Como os linfonodos fazem parte do sistema de defesa do organismo, sofrem alteração em decorrência de alguma doença, sendo mais comumente relacionado com um processo inflamatório ou infeccioso. Alterações dentárias, amigdalite, otite ou infecções virais locais (como gripe ou resfriado) são as causas mais comuns. Conforme esse processo é resolvido, o linfonodo diminui progressivamente até voltar ao tamanho habitual, sem necessitar de tratamento específico. Em alguns casos, porém, pode ainda permanecer com o tamanho um pouco alterado sem que isso indique uma alteração preocupante. No entanto, quando o linfonodo permanece aumentado ou cresce de tamanho, merece uma avaliação detalhada para excluir outras causas, inclusive a presença de neoplasias.
Doenças que causam caroços no pescoço incluem afecções de pele, como o cisto sebáceo; alterações congênitas; alterações na tireoide ou mesmo doenças autoimunes, como a sarcoidose. Outras infecções, como a mononucleose, o HIV e a tuberculose, também podem provocar aumento nos linfonodos. Glândulas salivares ampliadas de tamanho por causa de infecções ou obstrução em sua drenagem também podem levar ao quadro.
Já quando associados a neoplasias, os caroços no pescoço podem ser secundários a câncer das estruturas próximas na cabeça e no pescoço (seios da face, nasofaringe, boca, orofaringe, laringe ou tireoide) ou a neoplasias hematológicas, como os linfomas. Eventualmente, também podem ser secundários a metástases de câncer em órgãos mais distantes, como no caso do câncer de mama.
Como prevenir?
Com base na observação dos fatores de risco, há alguns cuidados que podemos tomar para evitar o câncer de cabeça e pescoço, contribuindo para o controle e a prevenção da doença. Veja quais são:
- evitar o tabagismo;
- evitar o consumo excessivo de bebidas alcoólicas;
- fazer uso de preservativo nas relações sexuais;
- tomar vacina contra o Papilomavírus humano (HPV);
- manter boa higiene bucal;
- ter alimentação equilibrada;
- ir ao dentista regularmente.
Qual especialista procurar?
Para a realização do diagnóstico e o acompanhamento especializado, os médicos a serem procurados, nesses casos, são o oncologista especializado em cabeça e pescoço e o cirurgião oncológico.
Tratamento
“Idealmente, o tratamento deve ser discutido em reuniões multidisciplinares que devem contar com a presença do oncologista, cirurgião de cabeça e pescoço e radioterapeuta, para definir a melhor terapêutica de cada caso. Quando a doença é localizada, o tratamento inicial consiste, na maior parte das vezes, em cirurgia, a depender da localização do carcinoma. Depois da cirurgia, de acordo com o estágio da doença, o tratamento pode ser complementado com radioterapia associada ou não à quimioterapia. Em situações em que a cirurgia não é factível, tratamento exclusivo com radioterapia e/ou quimioterapia é a melhor escolha. Durante e mesmo após o tratamento, é fundamental o acompanhamento multiprofissional, com equipes de fisioterapia, odontologia, terapia ocupacional, fonoaudiologia e nutrição para minimizar os efeitos colaterais do recurso terapêutico e prevenir o surgimento de sequelas", destaca o Dr. Guilherme Avanço.
Hospital Nove de Julho
A especialidade de cirurgia de cabeça e pescoço trata os tumores benignos e malignos da face e do pescoço, por exemplo, tumores da tireoide, das glândulas salivares, dos seios da face, da faringe, da laringe e da boca. Também cuida de algumas patologias congênitas, como os chamados cistos branquiais e cisto do ducto tireoglosso.
O diferencial do Hospital Nove de Julho na especialidade está na formação de uma equipe multiprofissional composta por médicos cirurgiões, clínicos e oncologistas, fonoaudiólogos, fisioterapeutas e psicólogos sempre envolvidos no processo de reabilitação e tratamento de alta complexidade de que necessitam muitos de nossos pacientes.
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