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Oncoginecologia

5 minutos de leitura

Câncer ginecológico: quando procurar um médico especialista?

Sintomas variam dependendo do tipo e estágio
MS
Dra. Mariana Scaranti - Oncologista Atualizado em 29/08/2024
Câncer Ginecológico

O câncer ginecológico tais como o câncer de colo uterino, endométrio e ovário estão entre os 10 tipos de cânceres mais comuns nas mulheres. Assim, é fundamental conhecer os sintomas e medidas de prevenção e rastreamento, assim como manter as consultas com o ginecologista em dia.

Casos de cânceres ginecológicos no Brasil

No Brasil, são estimados para cada ano do triênio entre 2023 a 2025:

  • Câncer de colo uterino: 17.010 novos casos/ano
  • Câncer de corpo uterino: 7.840 novos casos/ano
  • Câncer de ovário: 7.310 novos casos/ano

Fonte

Quais são os principais tipos de câncer ginecológico?

  • Câncer do ovário: não é o mais frequente, mas por ser uma doença silenciosa costuma ser diagnosticado em estágios avançados. Por isso, o tratamento costuma ser mais complexo.

  • Câncer cervical (câncer no colo do útero): quando diagnosticado precocemente, apresenta altíssimas chances de cura com tratamentos mais simples com pequenas cirurgias. A grande maioria destes tumores tem relação com a infecção pelo HPV.

  • Câncer endometrial (uterino): a doença é uma preocupação crescente no Brasil, pois sua incidência vem aumentando gradativamente por conta da epidemia de obesidade que vivemos. A obesidade é fator de risco para o câncer de endométrio.

  • Câncer vaginal ou de vulva: são neoplasias mais raras e mais frequentes em mulheres com idade superior a 60 anos. Estes tumores podem ou não estar relacionados ao HPV.

Quais são os sintomas de câncer ginecológico?

Os sintomas do câncer ginecológico variam dependendo do tipo e estágio, mas podem incluir:

  • sangramento vaginal anormal
  • corrimento escurecido
  • dor pélvica ou abdominal
  • inchaço do abdome
  • dificuldade para urinar
  • perda de peso inexplicável
  • fadiga
  • alterações nos hábitos intestinais

É importante consultar um médico se notar qualquer um desses sintomas.

Principais formas de prevenção e rastreamento

As formas de prevenção e rastreamento de cânceres ginecológicos variam de acordo com o tipo específico de câncer.

Por exemplo, o câncer de colo do útero pode ser prevenido através da vacinação contra o HPV e rastreado por meio do exame de Papanicolau, enquanto o câncer de ovário não possui um exame de rastreamento específico, sendo muitas vezes identificado em estágios mais avançados. Já o câncer de endométrio pode ser monitorado através de ultrassonografias e biópsias em mulheres com fatores de risco. Cada tipo de câncer ginecológico exige abordagens preventivas e de rastreamento adaptadas às suas características.

Câncer de colo de útero

O câncer de colo uterino é o tumor ginecológico mais frequente nas mulheres brasileiras. Este tumor é passível de prevenção, uma vez que, em sua grande maioria, ele se relaciona à infecção persistente pelo papiloma vírus humano, o HPV. Ele pode ser rastreado por meio do exame de Papanicolau e pesquisa de material genético do HPV e a melhor forma de prevenção é a vacinação.

A vacina contra o HPV está disponível na saúde pública para crianças e adolescentes entre 9 e 14 anos bem como para pacientes com imunossupressão. No sistema de saúde privado é possível vacinar indivíduos fora dessas condições até os 45 anos de idade.

A realização do exame preventivo, o Papanicolau e pesquisa de HPV, são medidas que permitem a detecção precoce de lesões causadas pelo HPV e assim, podemos trata-las o quanto antes evitando que se transformem em um tumor maligno.

Câncer de endométrio

Para câncer de endométrio, que é o revestimento interno do útero, e para câncer de ovário não há medidas de rastreamento eficazes para população feminina geral, ou seja, sem risco genético aumentado para estas doenças.

Assim, conhecer os sintomas para buscar ajuda médica o quanto antes é de extrema importância.

O câncer de endométrio comumente se manifesta em mulheres na pós menopausa com sangramento vaginal. Portanto, uma mulher que já entrou na menopausa e parou de menstruar e que volte a apresentar sangramento vaginal deve buscar avaliação médica para um ultrassom transvaginal, por exemplo, e uma biópsia de endométrio, caso algo seja encontrado no exame de imagem.

Como a obesidade é fator de risco para o câncer de endométrio, a prevenção de grande parte dos casos passa por uma atenção com o peso corporal, dieta saudável e prática de exercício.

Câncer de ovário

Em geral, o câncer de ovário é diagnosticado em estágios avançados. Isso ocorre porque a medicina ainda não dispõe de estratégias eficazes de rastreamento e essa doença é silenciosa em estágios iniciais.

Aumento de volume da barriga, sensação de empachamento, dificuldade para evacuações e dor pélvica são sintomas que podem estar relacionados a esta doença e devem motivar a procura pelo profissional de saúde na eventualidade de persistência destas queixas.

Cerca de 15 a 20% dos tumores de ovário tem relação com hereditariedade. Assim, fazer a testagem genética de mulheres com câncer de ovário epitelial (um subtipo específico e mais comum de câncer de ovário) é parte do cuidado com a paciente, uma vez que permite ao médico desenhar melhor o tratamento e identificar familiares saudáveis com risco genético aumentado para câncer de ovário – e discutir cirurgias redutoras de risco nestas pacientes.

Como são feitos os exames para o diagnóstico de câncer ginecológico?

Os exames para detectar cânceres ginecológicos variam conforme o tipo de câncer, mas aqui estão alguns dos principais métodos utilizados:

Papanicolau (Citologia Cervical)

É uma medida de rastreamento do câncer de colo uterino. As alterações nas células do colo uterino detectadas nesse exame podem disparar outros exames como a colposcopia (visualização do colo uterino com lentes de aumento) e biópsia.

Como é feito: Uma amostra de células é coletada do colo do útero utilizando uma espátula especial. Essas células são analisadas em laboratório para detectar alterações pré-malignas ou sugestivas de malignidade.

O exame é recomendado pelo Ministério da Saúde para mulheres de 25 a 64 anos que já iniciaram atividade sexual. Inicialmente, deve ser realizado uma vez por ano e, após dois exames normais consecutivos, passa a ser feito a cada 3 anos.

Esses intervalos podem ser individualizados após avaliação médica.

Colposcopia, Vulvoscopia e Vaginosocopia

São exames que nos ajudam encontrar lesões em vulva, vagina ou colo de útero.

Como é feito: exames complementares ao Papanicolau, permitem a visualização ampliada do órgão genital através de aparelho semelhante a um microscópio.

Ultrassonografia Transvaginal

É uma ferramenta importante no diagnóstico de lesões ovarianas e uterinas.

Como é feito: Um transdutor de ultrassom é inserido na vagina, permitindo a visualização detalhada dos ovários e do útero. Pode detectar doenças ginecológicas como cistos nos ovários, miomas, endometriose ou tumores.

Qual médico procurar?

Os exames ginecológicos preventivos podem ser solicitados e realizados pelo seu ginecologista de confiança. É muito importante fazer consultas regulares e relatar qualquer alteração percebida no seu corpo.

Já o tratamento do câncer ginecológico deve ser feito em um centro especializado com equipe multidisciplinar altamente treinada. É sabido que o tratamento do câncer ginecológico em centros especializados traz melhores desfechos para as pacientes.

O Hospital Nove de Julho conta com um núcleo de oncoginecologia composto por oncologistas, ginecologistas, radioterapeutas, nutricionistas, psicológicos e radiologistas.

Setembro em flor: mês de prevenção dos cânceres ginecológicos

Setembro em Flor é uma campanha de conscientização sobre os tumores ginecológicos desenvolvida pelo Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos, o grupo EVA. Você pode acessar o site: https://www.eva.org.br/eva para checar o conteúdo produzido pelo grupo e também seguir o grupo EVA no instagram: @gbtumoresginecologicos.

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