Na maioria dos casos, malformação no coração não tem causas conhecidas
A cardiopatia congênita é uma condição médica caracterizada por alterações na estrutura ou função do coração que estão presentes desde o nascimento. De acordo com o Ministério da Saúde, a cada ano, cerca de 30 mil crianças nascem com a condição no Brasil – a incidência é de 1 caso a cada 100 nascidos vivos. As alterações nem sempre são graves, mas podem ser bastante complexas, daí a importância de se ter acompanhamento médico desde o diagnóstico. Continue a leitura para saber mais sobre esse problema e quais as formas de tratamento.
O que é cardiopatia congênita?
A cardiopatia congênita é uma doença do coração presente desde o nascimento e que ocorre durante a formação do coração no período gestacional, ou seja, ainda na barriga da mãe. É considerada uma das principais causas de morte em bebês de até 30 dias de vida.
Ela ocorre quando o coração, por algum motivo, não se desenvolve adequadamente, variando de defeitos leves a bastante complexos e graves. Alguns incluem defeitos no septo (como a comunicação interventricular e interatrial), malformação de válvulas e até alterações nos vasos sanguíneos principais.
Embora muitos casos possam ser identificados ainda na gravidez, outros são descobertos apenas após o nascimento ou durante a infância, quando os sintomas começam a aparecer de forma mais evidente.
O que causa cardiopatia congênita?
A origem das cardiopatias congênitas muitas vezes não é conhecida. No entanto, os médicos sabem que fatores genéticos e/ou ambientais podem contribuir para o surgimento dessa condição.
Alterações nos genes ou nos cromossomos do feto, por exemplo, têm um papel importante em alguns tipos de defeitos cardíacos congênitos. Síndromes genéticas, como a síndrome de Down, também aumentam o risco para esse tipo de problema.
Além disso, a exposição da mãe a certos fatores ambientais pode impactar negativamente o desenvolvimento do coração do bebê. Alguns deles incluem:
· Consumo de álcool ou drogas durante a gravidez;
· Exposição a substâncias químicas tóxicas;
· Infecções durante a gestação, como rubéola;
· Diabetes ou outras condições crônicas maternas.
Quais são os sintomas de cardiopatia congênita?
Os sintomas da cardiopatia congênita podem variar de acordo com o tipo e a gravidade do problema. Alguns bebês com cardiopatias congênitas mais complexas podem apresentar sintomas já logo após o nascimento, como a cianose (coloração azulada da pele), especialmente nos lábios. Outros pacientes com condições menos graves podem não apresentar sintomas até a infância ou a idade adulta.
Em qualquer fase da vida em que o problema é descoberto, os sintomas mais comuns ligados à condição são:
· Dificuldade para respirar;
· Fadiga;
· Inchaço nas pernas e pés;
· Dor no peito;
· Palpitações;
· Desmaios.
Quando o quadro é mais severo, a criança pode apresentar insuficiência cardíaca, necessitando de intervenção médica imediata.
Em adultos, o diagnóstico tardio pode ocorrer pelo fato de apresentarem sintomas leves ou pela ausência deles na infância. Dessa forma, muitas vezes se manifestam apenas como cansaço excessivo, sopros ou arritmias.
Como é feito o diagnóstico?
Geralmente, o diagnóstico de cardiopatia congênita ocorre de duas formas: ou por meio de exames de imagem durante a gestação; ou após o nascimento (em diferentes fases da vida, a depender dos sintomas), com base em exames para investigar sintomas suspeitos.
No pré-natal, o ultrassom morfológico é um exame de imagem para verificar a formação dos órgãos do feto e detectar possíveis malformações, incluindo as cardíacas. Ele é o primeiro exame que pode levantar a suspeita para o problema.
Mas o exame mais indicado para detectar e confirmar o diagnóstico ainda no útero é o ecocardiograma fetal. Antigamente, ele era recomendado apenas para mulheres grávidas com alguns requisitos, como ser diabética e ter histórico familiar do problema.
Mas essa medida não era suficiente pois as cardiopatias congênitas são multifatoriais e podem surgir mesmo em bebês de mulheres sem essas características. Por isso, atualmente, a recomendação é de que todas as mulheres grávidas façam o ecocardiograma fetal para descartar qualquer má formação no coração do bebê.
Após o nascimento, exames como ecocardiograma, eletrocardiograma, raio-X de tórax, tomografia computadorizada e ressonância magnética auxiliam na confirmação do diagnóstico e na análise da gravidade do problema. Em casos complexos, pode ser necessária a realização de um cateterismo para avaliar com mais detalhes as estruturas internas do coração.
É importante dizer que, quando o diagnóstico da cardiopatia congênita ocorre ainda dentro do útero, recomenda-se que o nascimento do bebê ocorra em um hospital com infraestrutura adequada para receber essa criança e já providenciar os cuidados necessários imediatamente após o parto.
Cardiopatia congênita tem cura?
Não, a cardiopatia congênita não tem cura, mas a condição pode ser corrigida e tratada por meio de procedimentos médicos, como cirurgias, e uso de medicações específicas (a depender da gravidade do quadro).
Em muitos casos, a correção cirúrgica proporciona uma vida praticamente normal ao paciente. Em outros, no entanto, a correção melhora a qualidade de vida, mas as limitações ainda podem persistir.
Por isso, é fundamental que o indivíduo com algum tipo de cardiopatia congênita tenha acompanhamento de um cardiologista especializado por toda a vida.
Qual é o tratamento para cardiopatia congênita?
O tratamento para cardiopatia congênita depende do tipo e da gravidade do defeito cardíaco. Em alguns casos, o tratamento pode ser apenas a observação, enquanto em outros, são necessárias intervenções cirúrgicas complexas.
O Ministério da Saúde estima que, entre as crianças que nascem com o problema todos os anos, cerca de 23 mil precisam de cirurgia para corrigir a malformação; metade dessas intervenções ocorre até o primeiro ano de vida da criança.
As abordagens terapêuticas para o problema incluem:
· Medicamentos: usados para controlar os sintomas e estabilizar o paciente antes e após procedimentos cirúrgicos. Em alguns casos, medicamentos ajudam a melhorar o funcionamento do coração e a circulação sanguínea.
· Procedimentos intervencionistas: alguns defeitos podem ser corrigidos sem a necessidade de cirurgia aberta, por meio de técnicas minimamente invasivas realizadas via cateterismo, como a colocação de stents.
· Cirurgia cardíaca: para defeitos mais graves, a cirurgia aberta inclui a correção ou substituição de válvulas ou septos e até procedimentos para reconstruir partes do coração.
· Transplante de coração: em casos extremamente graves, o transplante cardíaco pode ser indicado.
Cardiologia no Hospital Nove de Julho
O Centro de Cardiologia do Hospital Nove de Julho é especializado em diagnóstico, tratamento e prevenção de doenças cardíacas e do sistema circulatório. O centro conta com cardiologistas e outros profissionais de saúde com diversas subespecialidades, como
cardiopatias congênitas, arritmias, insuficiência cardíaca, insuficiência coronariana e cirurgia cardíaca, além de estrutura completa para consultas e exames (de laboratório e de imagem).
Além do atendimento clínico, o local oferece serviço de suporte, como nutrição e reabilitação cardiovascular, para proporcionar um cuidado integral e personalizado aos pacientes.