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Neurologia

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Cefaleia: quando a dor de cabeça indica condições graves?

Sintoma comum é caracterizado por uma dor que pode afetar qualquer região da cabeça
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Dr. Daniel Giansante Abud - Neuroradiologista intervencionista Atualizado em 22/04/2024

A cefaleia, mais conhecida como "dor de cabeça" é um sintoma comum caracterizado por uma dor que pode afetar qualquer região da cabeça. Embora na maioria dos casos ela seja benigna e temporária, a cefaleia pode ser um sintoma de condições médicas mais graves, como tumores e aneurismas cerebrais.  

Continue a leitura e saiba mais sobre os diferentes tipos, sintomas e as condições que podem estar associadas aos casos mais graves. 

O que é cefaleia?

A cefaleia é o termo médico para a popularmente conhecida "dor de cabeça". É um sintoma bastante comum caracterizado por uma dor que pode afetar qualquer região da cabeça. 

Tipos de cefaleia

A cefaleia pode ser classificada de diferentes formas, comumente levando em conta a sua origem ou suas características. A seguir, saiba mais sobre os principais tipos. 

Cefaleia tensional 

A cefaleia tensional, o tipo mais comum, manifesta-se como uma sensação de pressão ou aperto que afeta toda a região da cabeça. Geralmente, está relacionada a fatores como estresse, postura inadequada, cansaço visual ou falta de sono adequado. 

Cefaleia hormonal 

A cefaleia hormonal é uma condição especialmente comum entre as mulheres e está intimamente ligada às flutuações hormonais que ocorrem durante o ciclo menstrual, a gravidez ou a menopausa.  

Durante o período próximo à menstruação, em particular, as variações nos níveis hormonais, especialmente a queda do estrógeno, podem desencadear dores de cabeça. Sendo assim, é importante para as mulheres entenderem a relação entre a periodicidade dos sintomas e o ciclo menstrual, pois isso pode ajudar na prevenção e no gerenciamento das crises.  

Cefaleia em salvas 

Trata-se de um tipo bastante específico de dor, que ocorre em episódios curtos e muito intensos de um lado da cabeça, comumente ao redor dos olhos, geralmente acompanhados por lacrimejamento, vermelhidão ocular e congestão nasal, podendo durar algumas horas. 

Cefaleia cervicogênica 

A cefaleia cervicogênica, como o próprio nome sugere, tem sua origem associada a problemas na região do pescoço.   

Esses problemas podem incluir condições relacionadas à coluna cervical, como hérnia de disco ou artrose, bem como má postura, que pode resultar em tensão muscular nesta região. Essa tensão muscular pode então irradiar para outras áreas, como a parte posterior e lateral da cabeça, além dos ombros. 

Enxaqueca 

A enxaqueca é uma forma de dor de cabeça intensa que frequentemente se torna incapacitante, limitando as atividades diárias de uma pessoa. Caracteriza-se por uma dor latejante que geralmente afeta apenas um lado da cabeça.   

Além da dor, os sintomas típicos da enxaqueca incluem sensibilidade à luz (fotofobia), náuseas, vômitos, agitação e irritabilidade.  É importante destacar que a enxaqueca pode ser desencadeada por diversos fatores conhecidos, como: 

  • Falta de sono; 
  • Estresse; 
  • Consumo excessivo de álcool ou alimentos ricos em açúcar; 
  • Tabagismo; 
  • Jejum prolongado, entre outros. 

O que causa cefaleia?

As causas da cefaleia são diversas, entre as mais conhecidas, podemos citar: 

  • Tensão muscular: um dos principais gatilhos, especialmente em casos de estresse, ansiedade ou má postura. 
  • Fatores hormonais: flutuações nos níveis de estrogênio e progesterona podem desencadear a dor. Trata-se de um mecanismo chamado vasodilatação, no qual os vasos sanguíneos que irrigam as meninges aumentam de calibre, levando à percepção da dor. 
  • Sinusite: inflamações ocasionadas por infecções das cavidades paranasais (seios da face) causam dor e pressão na região da testa, maxilar e ao redor dos olhos. 
  • Desidratação: a falta de líquidos pode levar à contração dos vasos sanguíneos da região da cabeça, resultando em percepção de dor. 
  • Uso excessivo de medicamentos: o abuso dos analgésicos para tratar cefaleia pode contribuir para o aumento dos episódios de dor de cabeça.  
  • Problemas de visão: os chamados erros refrativos, como astigmatismo ou miopia, se não corrigidos, podem gerar fadiga ocular que resulta em dor de cabeça. 
  • Doenças neurológicas: em casos menos frequentes, a cefaleia pode ser um dos sintomas de doenças mais graves, como tumores cerebrais, meningite ou até mesmo, dentro do contexto agudo, um AVC (acidente vascular cerebral), sobretudo do tipo hemorrágico. 

Quais são os sintomas de cefaleia?

Os sintomas da cefaleia variam conforme o tipo e a causa, mas são comuns: 

  • Dor: pode ser pulsátil, em aperto, latejante ou aguda, afetando toda a cabeça ou regiões específicas. 
  • Náuseas e vômitos: frequentes em alguns tipos de cefaleia, como a enxaqueca. 
  • Sensibilidade à luz e ao som: podendo aumentar o desconforto em algumas pessoas. 
  • Tontura e vertigem: embora menos comuns, podem ocorrer em alguns casos. 

Cefaleia pode ser sintoma de condições graves?

Apesar de frequentemente benigna, em alguns casos a cefaleia pode ser sinal de doenças graves, como: 

  • Tumores cerebrais: causam dor persistente, geralmente piorando à noite e podendo vir acompanhada de náuseas, vômitos, alterações na visão e convulsões.  
  • Meningite: inflamação das meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, causando dor de cabeça forte, febre alta, rigidez no pescoço, náuseas, vômitos e confusão mental.  
  • Aneurismas cerebrais: que são pequenas áreas dilatadas nos vasos sanguíneos do cérebro, que podem romper causando hemorragia cerebral do tipo subaracnóidea. Essa hemorragia leva a um tipo muito específico de dor, bastante intensa e repentina, acompanhada de náuseas, vômitos, rigidez no pescoço e perda de consciência.  
    É comumente relatada pelos pacientes como a pior dor de cabeça da vida. Vale destacar que, fora do contexto da hemorragia, os aneurismas cerebrais não costumam causar dor de cabeça, podendo ser descobertos por acaso em exames de imagem como tomografia e ressonância, antes que causem algum problema. 

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da cefaleia é feito por um profissional médico, por meio de: 

  • Anamnese: parte inicial da avaliação médica, é crucial para obter detalhes sobre os sintomas, histórico médico, hábitos e estilo de vida do paciente. 
  • Exame físico: avaliação neurológica para identificar possíveis sinais de doenças neurológicas. 
  • Exames complementares: em alguns casos, exames como tomografia computadorizada ou ressonância magnética do crânio podem ser necessários para investigar a causa da dor. 

Como identificar a cefaleia do aneurisma?

A cefaleia do aneurisma cerebral está associada à sua ruptura, ou seja, ao evento do sangramento, popularmente conhecido como AVC hemorrágico. Essa dor muitas vezes é descrita como "a pior dor de cabeça da vida" do paciente, sendo súbita e extremamente intensa.  

Pode estar acompanhada de náuseas, vômitos, rigidez na nuca, confusão mental ou perda de consciência. É uma emergência médica que requer atendimento imediato.  

Quando procurar um especialista?

As dores de cabeça merecem ser investigadas se forem frequentes e/ou intensas, sobretudo quando atrapalham as atividades diárias e houver mudança do padrão “habitual".   

Merecem atenção especial também se forem acompanhadas por outros sintomas como alterações visuais, fraqueza, dificuldade para falar e febre alta. Além disso, vale um alerta especial para a dor de cabeça que é muito intensa e aparece de maneira súbita, pois esta pode estar relacionada a um evento como o AVC hemorrágico.  

Lembrando que, de modo geral, os pacientes que tiveram algum tipo de trauma na região da cabeça e com perda de consciência, mesmo que momentânea, devem procurar atendimento médico imediato para avaliação.   

No Centro de Dor e Neurologia do Hospital Nove de Julho, por exemplo, os pacientes que sofrem de dores crônicas, incluindo enxaqueca e cefaleia, podem se beneficiar do tratamento especializado fornecido por uma equipe multidisciplinar. Esse time inclui neurocirurgiões, anestesistas, fisiatras, neurologistas, cirurgiões bucomaxilofaciais e outros profissionais capacitados.   

O centro oferece ainda acesso a exames utilizando tecnologia de ponta, tudo em um único espaço. Essa abordagem abrangente e integrada facilita o diagnóstico preciso e o tratamento adequado, visando melhorar a qualidade de vida dos pacientes que sofrem com essas condições.

Escrito por
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Dr. Daniel Giansante Abud

Neuroradiologista intervencionista
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Dr. Daniel Giansante Abud

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