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Ginecologia

7 minutos de leitura

Cisto no ovário: tipos, causas e riscos

Tratamento pode variar desde apenas acompanhamento até a necessidade de cirurgia
LM
Dra. Luisa Marcella Martins - Ginecologista Atualizado em 27/02/2024

Apesar de ser, na maioria dos casos, benigno, o cisto no ovário pode causar desconforto e preocupação para as mulheres. Nesse sentido, saber mais sobre os tipos, causas, sintomas e tratamentos pode ajudar a desmistificar alguns mitos sobre o tema. Acompanhe a leitura e saiba mais sobre esse problema tão comum entre as mulheres. 

O que é cisto no ovário?

Um cisto no ovário é uma bolsa cheia de líquido que pode se formar dentro ou sobre a superfície de um dos ovários de uma mulher. Esses cistos podem variar em tamanho, desde muito pequenos até grandes o suficiente para causar desconforto ou complicações. 

Geralmente, os cistos ovarianos são benignos e podem desaparecer por conta própria ao longo do tempo. Mas, em alguns casos, eles podem causar sintomas como dor abdominal, inchaço, alterações no ciclo menstrual e dor durante as relações sexuais.  

Cisto hemorrágico no ovário 

O cisto hemorrágico é um tipo de cisto no ovário que ocorre quando um vaso sanguíneo dentro do cisto se rompe, causando sangramento e podendo resultar em um acúmulo de sangue dentro desse cisto.  

Os sintomas de um cisto hemorrágico no ovário podem incluir dor abdominal súbita e intensa, especialmente durante a ovulação ou antes do período menstrual, bem como outros sintomas comuns aos cistos ovarianos, como inchaço abdominal e dor durante as relações sexuais.  

Na grande maioria dos casos, esses cistos hemorrágicos desaparecem por conta própria ao longo do tempo, mas, quando há sintomas graves ou complicações, pode ser necessário tratamento médico, com o uso de analgésicos para aliviar a dor ou até mesmo procedimentos cirúrgicos para drenar o sangue acumulado ou remover o cisto. 

Cisto no ovário com cabelo e dente 

Os cistos que contêm cabelos e dentes são os chamados teratomas ovarianos, também conhecidos como cistos dermoides. É um tipo específico de cisto no ovário que contém uma variedade de tecidos e estruturas, incluindo cabelo, pele, dentes, gordura e até mesmo tecidos mais complexos, como ossos e cartilagem.  

Esses cistos, na sua grande maioria, são considerados tumores benignos e se desenvolvem a partir de células germinativas, responsáveis pela formação dos óvulos. São mais comuns em mulheres jovens (10 a 30 anos).  

Os teratomas ovarianos podem variar muito em tamanho e, geralmente, são assintomáticos, sendo descobertos em exames de rotina. No entanto, em alguns casos, podem causar sintomas como dor abdominal, inchaço ou pressão pélvica.   

Existem dois tipos principais de teratomas ovarianos: os maduros e os imaturos.  

  • Teratomas maduros: geralmente são benignos e não representam grande risco à saúde. Se necessário, podem ser removidos cirurgicamente devido ao tamanho ou a sintomas exuberantes.  
  • Teratomas imaturos: têm uma maior propensão para crescer rapidamente e, em alguns casos, podem ser malignos. O tratamento costuma ser a remoção cirúrgica, seguida, em alguns casos, por terapias adicionais como a quimioterapia.  

É importante ressaltar que, embora os teratomas possam ser preocupantes, a maioria é benigna e, se necessária, a remoção é feita geralmente por laparoscopia, um procedimento minimamente invasivo que permite a remoção do cisto com pequenas incisões na região abdominal. 

O que causa cisto no ovário?

Os cistos ovarianos podem ter diversas causas, e muitas vezes a causa exata não é identificada.  Dentre as mais comuns, podemos citar:  

  • Ovulação: durante o ciclo menstrual, um óvulo é liberado dos ovários em um processo chamado ovulação. Às vezes, o folículo que contém o óvulo pode não se romper ou liberar o óvulo como esperado, resultando na formação de um cisto funcional. 
  • Desequilíbrios hormonais: flutuações hormonais, como aquelas que ocorrem durante o ciclo menstrual, gravidez ou síndrome dos ovários policísticos (SOP), podem causar o desenvolvimento de cistos ovarianos. 
  • Endometriose: condição na qual o tecido que normalmente reveste o útero começa a crescer fora do útero, muitas vezes nos ovários. Isso pode levar à formação de cistos conhecidos como endometriomas. 
  • Tumores ovarianos: certos tipos de tumores ovarianos podem resultar na formação de cistos. 
  • Gravidez ectópica: em alguns casos raros, uma gravidez ectópica (fora do útero) pode causar a formação de um cisto no ovário. 
  • Tratamento de fertilidade: alguns tratamentos de fertilidade, como a estimulação ovariana, podem aumentar o risco de formação de cistos. 

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Quais são os sintomas de cisto no ovário?

Na grande maioria dos casos, os cistos ovarianos não apresentam nenhum sintoma. Quando causam sintomas, esses são geralmente inespecíficos, como: 

  • Dor persistente ou desconforto na região pélvica, especialmente durante o período menstrual. 

  • Dor durante o período ovulatório. 

  • Alterações no ciclo menstrual, como menstruações mais frequentes, atrasos ou alterações na quantidade de sangramento. 

  • Dor ou desconforto durante a relação sexual. 

  • Inchaço abdominal. 

  • Dificuldade em esvaziar a bexiga completamente ou necessidade frequente de urinar. 

  • Dificuldade para engravidar. 

  • Náuseas e vômitos. 

Lembre-se de que esses sintomas não garantem a presença de cistos ovarianos, e que existem tipos diferentes de cistos. Além disso, apenas um profissional de saúde capacitado pode fazer um diagnóstico adequado.  

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Riscos do cisto no ovário

Os cistos ovarianos, também conhecidos como cistos anexiais, , podem apresentar alguns riscos e complicações, especialmente se não forem monitorados ou tratados adequadamente: 

  • Ruptura do cisto: um cisto pode se romper, causando dor abdominal aguda e intensa. Isso pode resultar em sangramento interno e requer atenção médica imediata. 
  • Torção ovariana: um cisto grande pode fazer com que o ovário se torça em torno de seu próprio eixo. Isso pode cortar o suprimento de sangue para o ovário, resultando em dor severa e danos ao tecido ovariano. 
  • Infecção: em alguns casos, um cisto no ovário pode se tornar infectado, levando a sintomas como febre, dor pélvica e sensibilidade abdominal. Isso geralmente requer tratamento com antibióticos. 
  • Complicações durante a gravidez: alguns cistos podem aumentar o risco de complicações durante a gravidez, como aborto espontâneo, gravidez ectópica (quando o embrião se implanta fora do útero) ou parto prematuro. 
  • Câncer: embora a maioria dos cistos ovarianos sejam benignos, em casos raros, um cisto pode ser cancerígeno. Portanto, é importante monitorar cistos suspeitos, realizar exames específicos e consultas médicas regulares para detectar qualquer sinal de malignidade. 

Como já mencionado, geralmente, os cistos no ovário são benignos e não representam uma ameaça à saúde. No entanto, é sempre recomendável procurar orientação médica, caso tenha preocupação com sintomas relacionados aos cistos ovarianos ou se esse foi um achado de algum exame de rotina. 

Quem tem cisto no ovário pode engravidar?

Sim. Na maioria dos casos, as mulheres que têm cistos ovarianos podem engravidar normalmente. Os cistos ovarianos geralmente não afetam a fertilidade, especialmente se forem cistos benignos, sendo os mais comuns.   

Inclusive, muitas mulheres têm cistos ovarianos em algum momento de suas vidas sem saber, pois eles desaparecem frequentemente por conta própria sem causar sintomas ou complicações. 

No entanto, em casos de cistos que afetam a ovulação ou causam complicações, como a SOP, a fertilidade pode ser afetada. A SOP é uma condição em que vários cistos se formam nos ovários, afetando o processo de ovulação e a liberação de óvulos.   

Portanto, se uma mulher tem cistos ovarianos e está preocupada com sua capacidade de engravidar, é importante consultar um médico para uma avaliação completa e orientação específica para sua situação individual.  

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Como é feito o diagnóstico de cistos no ovário?

O diagnóstico de cistos ovarianos costuma ser realizado por meio de exames de imagem solicitados para a avaliação de algum sintoma ou realizados na rotina: 

  • Exame físico pélvico: o médico pode sentir a presença de um cisto ao palpar os ovários. Isso pode ajudar a detectar cistos maiores ou anormais. 
  • Ultrassonografia pélvica: ferramenta de imagem comum usada para visualizar os órgãos pélvicos, incluindo os ovários. O exame pode revelar a presença de cistos ovarianos, seu tamanho, forma e características. Essa é frequentemente a primeira escolha para o diagnóstico de cistos ovarianos, pois é segura e não invasiva. 
  • TC (Tomografia computadorizada) ou RM (ressonância magnética): nos casos em que a ultrassonografia não fornece informações suficientes ou quando há suspeita de cistos complexos ou malignos, a TC ou a RM podem ser utilizadas para fornecer imagens mais detalhadas dos ovários e dos cistos. 

Qual é o tratamento para cisto no ovário?

O tratamento para cistos ovarianos depende de vários fatores, incluindo o tamanho, o tipo de cisto, a presença de sintomas e se há risco de complicações. Entre eles estão:  

  • Observação e monitoramento: em muitos casos, os cistos ovarianos benignos podem desaparecer por conta própria ao longo do tempo, especialmente se forem cistos funcionais relacionados ao ciclo menstrual. Se um cisto for pequeno, assintomático e não representar riscos, o médico pode optar por simplesmente observar e monitorá-lo com exames de imagem regulares para garantir que não esteja crescendo ou causando complicações. 
  • Medicação: se um cisto estiver causando sintomas, como dor ou irregularidades menstruais, o médico pode prescrever medicamentos para aliviar esses sintomas. Isso pode incluir analgésicos para dor ou contraceptivos hormonais para regular o ciclo menstrual e prevenir a formação de novos cistos. 
  • Cirurgia: especialmente se um cisto for grande, persistente, suspeito de malignidade ou se estiver causando sintomas graves, pode ser necessária a remoção cirúrgica. Este procedimento é conhecido como ooforoplastia (plástica nos ovários que consiste na remoção apenas do cisto e preservação do tecido ovariano sadio). Em alguns casos, pode ser necessária a remoção do ovário afetado (ooforectomia). A cirurgia pode ser realizada por laparoscopia, um procedimento minimamente invasivo que envolve pequenas incisões no abdômen, ou por laparotomia, uma cirurgia abdominal tradicional. 

É importante discutir todas as opções de tratamento com o médico para determinar o melhor curso de ação com base nas necessidades individuais da mulher, sua saúde geral e suas preferências pessoais.

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