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Gastroenterologia

4 minutos de leitura

Como saber se estou com uma doença inflamatória intestinal?

Leia mais e tenha informações seguras sobre saúde.
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Dr. Guilherme Andrade - Gastroenterologista Atualizado em 08/11/2017

Continuando nossa série de posts sobre as Doenças Inflamatórias Intestinais (DIIs), hoje abordamos o diagnóstico de retocolite ulcerativa (RCU) e a doença de Crohn (DC).

Não são raros os casos de pessoas que vão ao consultório de um gastroenterologista ou de um coloproctologista acreditando estar sofrendo apenas de algum mal passageiro, um simples desequilíbrio da flora intestinal que gera desconforto ou sintomas como diarreia e náusea.

Porém, quando a consulta e os exames comprovam a existência de uma DII, o paciente fica preocupado e sem saber qual será o futuro de sua saúde.

Na verdade, o portador desse tipo de doença não precisa entrar em pânico, porque existem tratamentos bastante eficazes disponíveis. Veja como é feito esse diagnóstico e quais são os procedimentos que devem ser adotados por pacientes com DII.

O diagnóstico de uma DII

Para começar, o paciente deve relatar ao médico o que está sentindo para que o diagnóstico seja realmente preciso. Muitas vezes, é preciso responder a perguntas como “você notou sangue nas fezes?”, “tem sentido dores abdominais?” e “com que frequência tem ido ao banheiro?”. É importante que a pessoa não sinta vergonha, pois esse processo é fundamental.

Os sintomas típicos das DIIs incluem dores no abdome, cólicas intestinais (que variam de intensidade de acordo com o quadro do paciente), sangramento retal e cansaço. Entre 25% e 40% dos casos também apresentam dores nas articulações, inflamação nos olhos, problemas renais, pancreáticos,hepáticos, e fraqueza. Em crianças e adolescentes, as DIIs podem comprometer a curva de crescimento.

O quadro clínico vai depender da região atingida, da intensidade da inflamação, do comportamento da doença e de muitos outros aspectos.

A importância dos exames de diagnóstico

Passada a etapa de identificação dos sintomas, é hora de realizar exames de diagnóstico. Podem ser solicitadas pelo especialista: colonoscopia, endoscopia, ressonância magnética, biópsia do intestino, análises de sangue e fezes, e tomografia, dentre outros.

Existem fatores que ajudam a descobrir de qual doença se trata, mas é quase impossível obter um diagnóstico certeiro sem esses exames.

O tratamento

Por serem problemas distintos, o tratamento muda de acordo com o diagnóstico. Veja abaixo um resumo das formas de se tratar a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa.

  • Doença de Crohn (DC)

O tratamento da DC é feito em etapas. Primeiro, o médico precisa averiguar a intensidade da inflamação (leve, moderada, grave). Existe uma forma de determinar o grau da doença, e essa escala leva em consideração o estado das fezes, o surgimento e a intensidade das dores abdominais, o nível de indisposição do paciente e a ocorrência de fístulas (uma espécie de “túnel” que liga anormalmente dois órgãos). Depois disso, inicia-se o tratamento de fato.

Os medicamentos mais utilizados são corticoides, antibióticos imunossupressores via oral e imunobiológicos, que são uma classe especial de imunomoduladoresResumindo: remédios que ampliam o poder de reação do organismo e diminuem os efeitos das inflamações. Caso não haja resposta ao uso desses fármacos, pode ser necessária uma intervenção cirúrgica.

  • Retocolite ulcerativa (RCU)

Assim como a doença de Crohn, a RCU tem um tratamento diferente de acordo com a intensidade da inflamação. Ou seja, o primeiro passo, aqui, também é determinar a gravidade da condição (que pode ser fulminante). Depois disso, o médico pode receitar os medicamentos adequados para o quadro do paciente (anti-inflamatórios intestinais como os aminossalicilatos, corticoides e imunossupressores).

Remédios fitoterápicos, suplementos nutricionais, terapia nutricional enteral e parenteral, óleos de peixe, probióticos e até mesmo a acupuntura podem auxiliar e complementar o tratamento da DC e da RCU. No entanto, é imprescindível conversar com um médico antes de adotar qualquer método alternativo.

Cuidados que é preciso ter

Existem medidas importantes que devem ser seguidas por pacientes portadores de DIIs. São as seguintes:

  1. Não deixar de tomar os remédios conforme a prescrição do médico.

  2. Não se automedicar ou buscar alternativas sem conversar com o médico.

  3. Não fazer uso dos medicamentos apenas durante crises e recaídas .

  4. Tomar cuidado com a alimentação, ela é um fator crucial para a saúde de quem sofre com uma DII. É preciso controlar a ingestão de condimentos, gordura e laticínios.

  5. Fazer esportes. Os desconfortos causados pelas doenças diminuem com a prática de exercícios.

  6. Não fumar. O cigarro pode agravar o quadro.

  7. Conversar com o médico e complementar a dieta com as vitaminas A, E, K e do complexo B. Outros elementos, como ferro, magnésio e ácido fólico, também são muito bem-vindos.

Lembre-se de que todo desconforto intestinal persistente precisa ser analisado mais a fundo. Afinal de contas, as DIIs, quando não tratadas, podem gerar problemas graves de saúde, como falência intestinal e câncer.

Não deixe de acompanhar nossa série de posts sobre as DIIs para ficar por dentro de informações sobre as doenças e seu tratamento.

Escrito por
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Dr. Guilherme Andrade

Gastroenterologista
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