A convulsão é um termo leigo que corresponde a um tipo de crise epiléptica, caracterizada por perda de consciência e abalos nos quatro membros. Você sabe por que ela acontece e o que fazer quando presenciamos uma crise?
Neste blog, a Dra. Ana Carolina Zetehaku, neurologista do Hospital Nove de Julho, explica o que são as crises epilépticas, quais suas causas e o que fazer diante dessa emergência médica. Saiba mais!
O que é convulsão?
Conforme elucida a Dra. Ana Carolina Zetehaku, convulsão é um termo leigo que se refere a um tipo de crise epiléptica. Assim, inicialmente, é preciso entender o que são as crises epilépticas. “As crises epilépticas são um conjunto de sinais e sintomas transitórios que ocorrem em decorrência da atividade neuronal excessiva. Elas podem ter início focal ou generalizado, desconhecido ou não classificado num primeiro momento. Além disso, podem ter sintomas motores e não motores, levar ou não a um comprometimento da consciência e até sua perda total."
O termo convulsão se refere a um tipo de crise epiléptica chamada tônico-clônica, em que há a perda de consciência, um período breve de rigidez seguida por abalos motores nos quatro membros. Durante esse tipo de crise, o paciente pode ainda apresentar hipersalivação, mordedura de língua e perda do controle da bexiga e do intestino.
“Cabe ao médico identificar se a convulsão corresponde a uma crise provocada por uma situação específica, como um quadro infeccioso, episódios de intoxicação, distúrbios metabólicos, como hipoglicemia, que justifiquem tal episódio. Nesses casos, trata-se a causa da crise, assim, há grandes chances de o paciente não ter novos episódios semelhantes", explica.
Em casos em que a crise não é justificada por nenhuma dessas situações, deve-se investigar a possibilidade de um diagnóstico de epilepsia.
É importante lembrar que a epilepsia é a doença neurológica caracterizada pela maior predisposição do cérebro de gerar as crises epilépticas, entre elas, a convulsão, ou seja, a crise tônico-clônica.
“Portanto, é muito importante identificar a crise epiléptica, caracterizada por uma convulsão ou não, e também entender o motivo que a provocou", destaca a médica.
Quais são os tipos de crise?
As crises podem ser de diferentes tipos e, de acordo com a Dra. Ana Carolina Zetehaku, “a crise de início generalizado começa em um ponto do cérebro e logo se propaga para ambos os hemisférios cerebrais. Nesse caso, elas, frequentemente, são caracterizadas como:
-
Choques (mioclonias);
-
Ausências, com o comprometimento da consciência e sem sintomas motores;
-
Crises tônico-clônicas, embora outras características possam aparecer.
Quando se trata de crises de início focal, dependendo do local em que há ativação neuronal em excesso, os sintomas podem ter características:
- Motoras – movimentos involuntários repetitivos;
- Sensitivas – formigamento, redução da sensibilidade;
- Visuais – flashes de luz;
- Psíquicas – déjà-vu (sensação de já ter visto uma cena ou vivido uma experiência);
- Autonômicas – sudorese, taquicardia.
Tais sintomas podem ser perceptíveis aos pacientes, mas também podem estar associados a diferentes graus de comprometimento da consciência. Além disso, esses episódios podem evoluir para o acometimento de ambos os hemisférios cerebrais mais tardiamente, levando às crises tônico-clônicas anteriormente mencionadas.
“A convulsão seria apenas um tipo de crise epiléptica entre tantas outras, e é por isso que, durante a investigação do evento, é imprescindível a compreensão dos diversos sintomas relatados pelo paciente ou mesmo por seu acompanhante", explica a médica.
Convulsão febril
A convulsão febril é desencadeada por febre acima de 38 graus em crianças entre 6 meses de vida e 5 anos. Na maior parte dos casos, acontece entre 12 e 18 meses de vida. Essas crises são, normalmente, generalizadas, ou seja, afetam as duas partes do corpo. Cerca de 90% das convulsões desse tipo são simples, duram cerca de 15 minutos e não acontecem novamente num período de 24 horas. As convulsões febris acontecem em meio a infecções por vírus ou bactérias ou, em alguns casos, depois de vacinação.
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O que pode causar uma convulsão?
Entre as principais causas para que aconteça uma convulsão estão:
- Infecções;
- Distúrbios metabólicos como hipoglicemia/hiperglicemia;
- Intoxicação por produtos químicos;
- Uso de drogas;
- Bebidas alcoólicas em excesso;
- Reação a medicamentos e suspensão abrupta de medicações;
- Epilepsia, que pode ser secundária a tumores, acidente vascular cerebral (AVC) ou outras lesões estruturais cerebrais ou ser idiopática, ou seja, sem causa definida.
Quais são os sinais e sintomas da convulsão?
Durante a convulsão, ou seja, uma crise tônico-clônica, os sintomas mais comuns são:
- Perda da consciência;
- Abalos motores;
- Postura rígida dos quatro membros;
- Muita salivação;
- Desvio do olhar e da cabeça.
O que fazer em caso de convulsão?
Em casos de acontecer uma convulsão com pessoa próxima, busque atendimento médico de emergência. Enquanto aguarda o socorro, atente para a pessoa não se machucar e tente manter a calma. Recomenda-se:
- Deitar a pessoa no chão, deixando-a de lado, para evitar queda e engasgos durante o evento;
- Dar espaço para a pessoa, afastando objetos que estejam próximos e que possam causar lesões, como mesas ou cadeiras;
- Afrouxar as roupas apertadas, especialmente na região do pescoço, como camisas e gravatas;
- Não tentar introduzir o dedo ou outros objetos na boca do paciente.
Os primeiros socorros não substituem o atendimento médico, por isso busque a assistência de emergência mais próxima.
Saiba quando procurar um pronto-socorro.
Tratamento
O tratamento para convulsão pode ser indicado por um clínico geral ou neurologista. Primeiro será feita uma avaliação para saber os motivos da crise. Depois de descoberta a causa, poderá ser indicado o uso de medicamentos adequados para cada situação.
O diagnóstico correto é importante, pois a convulsão é uma condição em que, muitas vezes, o paciente pode se machucar e, se não for bem conduzida, pode levar à morte. Por isso, sua identificação e cuidados adequados merecem atenção.
Saiba mais em Quando é preciso se consultar com um neurologista.
Neurologia do Hospital Nove de Julho
A Neurologia do Hospital Nove de Julho conta com uma linha de cuidados que vai desde o pronto-socorro, o centro cirúrgico, a internação e as UTIs até a alta médica. A equipe é formada por neurologistas, neurocirurgiões e neuropediatras e está pronta para o atendimento de casos de alta complexidade.