De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o conceito de cuidados paliativos estabelecido em 1990, atualizado em 2002 e, posteriormente, em 2017, tem como definição: “os cuidados paliativos consistem na assistência promovida por uma equipe multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente (criança ou adulto) e seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, por meio de identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais".
Assim, os cuidados paliativos estão cada vez mais presentes em uma sociedade marcada por avanços na saúde e diminuição da mortalidade, com aumento do número de doenças crônicas e da expectativa de vida. Para falar do tema, convidamos o Dr. João Luiz Thomé, coordenador da equipe de cuidados paliativos do Hospital Nove de Julho, que explica o que é e qual a importância para o paciente e seus familiares. Confira!
O que são cuidados paliativos?
Conforme explica o Dr. João Luiz Thomé, “os cuidados paliativos são cuidados focados no atendimento interdisciplinar às pessoas com doenças graves. Essa é uma área em amplo desenvolvimento no Brasil e também em todo o mundo, e ganha cada vez mais importância na área da saúde, nos quais são oferecidos acompanhamentos físico, psicológico, social e espiritual para pacientes, familiares e cuidadores".
Os cuidados paliativos dedicam-se em proporcionar um atendimento individualizado e humanizado, com objetivo de garantir bem-estar e apoio aos pacientes, familiares e demais profissionais da área da saúde que assistem a esse paciente diante de uma doença ameaçadora da vida. Auxiliam diretamente quanto às complicações da doença de base, assim como no manejo de efeitos adversos dos tratamentos específicos da doença.
Por ser uma área de atuação nova dentro da medicina, ainda existem alguns mitos e tabus. O início dos cuidados paliativos se deu no contexto de pacientes em fase final de vida. Contudo, com a evolução na área da saúde, essa abordagem também se desenvolveu, percebendo a importância de um cuidado mais precoce. Por isso, indica-se desde o diagnóstico de doenças ameaçadoras da vida, afim de auxiliar no controle de todos os possíveis sofrimentos que podem acometer uma pessoa.
“Com o objetivo de proporcionar uma abordagem integral do paciente e da sua rede de apoio social, a equipe de cuidados paliativos é composta por diferentes profissões como médicos, fisioterapeutas, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas, terapeutas ocupacionais, farmacêuticos, fonoaudiólogos, dentistas e representante/líder espiritual, de acordo com a necessidade e a crença individual".
Quando os cuidados paliativos são indicados?
Conforme explica o Dr. João Luiz Thomé “os cuidados paliativos são indicados para todo paciente que possui uma doença ameaçadora de vida, podendo ter o acompanhamento conjunto desta equipe especializada desde o diagnóstico da doença, auxiliando no enfrentamento dela e do seu tratamento específico. Diferentemente do que muitos acreditam, os cuidados paliativos podem e devem estar junto das demais especialidades médicas, ajudando no cuidado desse paciente enquanto ainda está em tratamento modificador de doença, ou seja, é uma equipe que o acompanha do diagnóstico ao seu último dia de vida, estando presente, inclusive, enquanto ainda há alguma possibilidade de controle da doença".
O médico acrescenta ainda que esse acompanhamento precoce minimiza a sensação de “não tem mais nada a ser feito", que muitos pacientes sentem quando são encaminhados somente no final da vida para o apoio da equipe de cuidados paliativos. Essa sensação se deve ao fato de não existir mais tratamento modificador da doença, fazendo com que o paciente acredite que não há tratamento para ele, mas na verdade, sempre haverá tratamento. Para a doença, existem limites. Porém, para o paciente, sempre existirão formas de cuidá-lo e garantir seu conforto".
Quais são os pilares dos cuidados paliativos?
Os principais objetivos dos cuidados paliativos são:
-
Oferecer alívio para dor e outros sintomas estressantes relacionados ao tratamento ou evolução da doença;
-
Reafirmar vida e morte como processos naturais;
-
Unir fatores psicológicos, sociais e espirituais ao aspecto clínico de cuidado do paciente;
-
Não apressar ou adiar a morte;
-
Promover apoio à família para que ela possa lidar com a doença do paciente e com o luto;
-
Proporcionar suporte ao paciente para que ele viva o mais ativamente possível até a morte;
-
Oferecer uma abordagem interdisciplinar para as necessidades clínicas e psicossociais dos pacientes e familiares.
Qual é a importância dos cuidados paliativos?
De acordo com o Dr. João Luiz Thomé “o diferencial dos cuidados paliativos perante as demais especialidades médicas é o fato de ela ser composta por diversas profissões, além da medicina. Por ter uma visão mais integral do paciente, com diferentes olhares e conhecimentos técnicos, é uma equipe capaz de cuidar de todos os possíveis sofrimentos do paciente, independentemente da esfera afetada, seja ela física, social, emocional ou espiritual. Essa visão mais holística tanto do paciente quanto da sua rede social de apoio ajuda no enfrentamento de doenças que ameacem a vida e causam lutos durante o desenvolvimento da doença".
Cuidados paliativos em oncologia: quais são as principais ações?
São muitas as doenças com indicações de acompanhamento conjunto com a equipe de cuidados paliativos, como por exemplo, alterações cardíacas, pulmonares, neurológicas, renais, infecciosas e neoplásicas.
Conforme explica o Dr. João Luiz Thomé “muitos são os cuidados possíveis ao paciente com uma doença ameaçadora de vida. Esses vão mudando conforme a evolução da doença e dos sintomas do paciente. Uma vez que a equipe está fazendo parte desse cuidado, são necessárias diversas avaliações, a fim de garantir o bem-estar do paciente e dos seus familiares".
Leia também sobre tipos de câncer e tratamentos.
Nos pacientes oncológicos temos alguns pontos bem evidentes quanto à importância desse acompanhamento conjunto. São eles:
-
Desmistificar a doença e o tratamento oncológico específico, desde o diagnóstico. Por ser uma doença ainda com muitos tabus, o acompanhamento psicológico especializado que auxilia nesse processo de perdas e lutos se faz essencial;
-
Apoio quanto aos direitos e deveres do paciente oncológico, que não é de conhecimento geral da população;
-
Orientação nutricional baseada nas preferências alimentares de cada paciente e nas condições socioeconômicas para o preparo dessas;
-
Auxílio no controle de sintomas físicos de difícil controle, como por exemplo, dor, falta de ar, enjoo, alterações do hábito intestinal, entre outros. Além de manejo dos efeitos adversos do possível tratamento oncológico específico;
-
Definição de um plano de cuidado baseado nos valores e objetivos de vida do paciente, a partir do conhecimento técnico do prognóstico associado a medidas capazes de modificar o curso natural da doença.
Saiba mais sobre o Centro de Oncologia do Hospital Nove de Julho.
Hospital Nove de Julho
No Hospital Nove de Julho contamos com equipe de cuidados paliativos, que buscam sempre trabalhar em parceria com demais equipes médicas, com intuito de garantir o melhor cuidado ao paciente e à sua rede social de apoio.
Para agendamento de consultas ou exames, acesse nossa Central de Agendamento Online.