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Endocrinologia

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Diabetes tipo 2: sem controle adequado, doença pode levar a complicações graves

O diabetes tipo 2 é uma doença crônica que interfere na maneira como o organismo processa a glicose, podendo causar complicações graves.
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Dra. Roberta Frota Villas Boas - Endocrinologista Atualizado em 20/12/2024

Condição interfere na forma como o organismo processa a glicose e pode ser beneficiada por mudanças de hábitos e medicação

O diabetes tipo 2 é uma condição metabólica crônica que causa elevação persistente dos níveis de glicose no sangue. A doença surge devido à redução progressiva na capacidade das células pancreáticas de produzir insulina, associada à resistência do organismo à ação desse hormônio. Cerca de 90% dos brasileiros com diabetes apresentam o tipo 2, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes. Continue a leitura para conhecer as causas, a importância do diagnóstico precoce e as formas de tratamento.

O que é diabetes tipo 2?

O diabetes tipo 2 é uma doença crônica que interfere na maneira como o organismo processa a glicose, um tipo de açúcar que fornece energia para as células. Nessa condição, as células tornam-se resistentes à insulina, o hormônio que facilita a entrada da glicose nas células.

Sendo assim, os níveis de açúcar no sangue aumentam, levando a complicações se não houver tratamento. Essa forma de diabetes está frequentemente ligada a fatores de risco, como sobrepeso, falta de atividade física, dieta inadequada e predisposição genética à doença.

Embora o diabetes tipo 2 seja mais prevalente em adultos, sua incidência tem crescido entre crianças e adolescentes, principalmente devido ao aumento da obesidade nessa faixa etária.

Qual é a diferença entre diabetes mellitus tipo 2 e tipo 1?

A principal diferença entre diabetes tipo 2 e outras formas de diabetes, como o tipo 1, está nas suas causas e na maneira como a insulina é utilizada pelo corpo. O diabetes tipo 2 está frequentemente ligado a fatores de estilo de vida, incluindo obesidade, falta de atividade física e dieta inadequada, embora fatores genéticos também contribuam para a doença.

Nesse tipo de diabetes, o pâncreas ainda produz insulina, mas o organismo não consegue utilizá-la de forma eficaz, resultando em resistência à insulina. Esse processo geralmente ocorre de maneira gradual e é mais prevalente entre adultos. O principal fator que causa esta resistência com consequente ineficácia da insulina é o excesso de gordura corporal (obesidade).

Diferentemente do diabetes tipo 1, que é uma doença autoimune que ataca as células responsáveis pela produção de insulina no pâncreas, o diabetes tipo 2 se desenvolve mais lentamente e pode ser influenciado por fatores como genética e hábitos de vida. Por ser de longa evolução, muitas vezes, demora para ser diagnosticado e isto pode trazer complicações ao organismo.

Com o tempo, a resistência à insulina pode levar a níveis elevados de glicose no sangue, aumentando o risco de complicações associadas a essa condição, como problemas cardíacos e neuropatias.

O que causa diabetes tipo 2?

O surgimento do diabetes tipo 2 pode ser influenciado por diversos fatores, inclusive genético, mas está associado a hábitos de saúde inadequados. Os principais elementos que contribuem para sua ocorrência são:

. Obesidade: o excesso de gordura, principalmente na região abdominal, está associado ao desenvolvimento da resistência à insulina.

. Sedentarismo: a falta de atividade física regular contribui para o ganho de peso e pode aumentar a resistência à insulina.

. Alimentação inadequada: dietas ricas em açúcares, gorduras saturadas e carboidratos refinados podem elevar os níveis de glicose no sangue.

. Genética: ter histórico familiar de diabetes tipo 2 aumenta a probabilidade de desenvolver a doença.

. Idade: o risco de diabetes tipo 2 aumenta com a idade.

. Estresse e sono inadequado: podem afetar negativamente a regulação da glicose e a sensibilidade à insulina.

Quais são os sintomas de diabetes tipo 2?

Os sintomas do diabetes tipo 2 podem se desenvolver gradualmente e, em muitos casos, são leves ou até inexistentes.

Entre os principais sintomas que podem ocorrer, destacam-se o aumento da sede e a frequência urinária elevada, principalmente à noite. Além disso, é comum sentir fome excessiva, mesmo após as refeições, e experimentar um cansaço fora do normal e falta de energia.

Outros sintomas incluem alterações na visão, como borramento ou dificuldade para focar, além de feridas ou cortes que demoram mais para cicatrizar.

Algumas pessoas também podem sentir formigamento ou dormência nas mãos ou pés, o que pode indicar danos nos nervos.

Por fim, a pele seca e a coceira, especialmente nas áreas genitais, também são comuns.

Vale lembrar que os sintomas, quando ocorrem, estão habitualmente relacionados a valores muito altos de glicemia.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico de diabetes tipo 2 é realizado por meio de avaliação clínica e exames laboratoriais. O médico pode coletar a história clínica do indivíduo, prestando atenção a fatores de risco como obesidade, histórico familiar da doença e sintomas. Os principais exames utilizados para confirmar o diabetes tipo 2 são:

. Glicemia em jejum: mede a quantidade de glicose no sangue após um jejum de pelo menos oito horas. Um resultado de 126 mg/dL ou mais indica diabetes. Resultados entre 100 mg/dL e 125 mg/dL são considerados indicativos de pré-diabetes, uma condição em que os níveis de glicose estão elevados, mas ainda não são suficientes para um diagnóstico de diabetes.

. Teste de tolerância à glicose: envolve a coleta de sangue após um jejum e, em seguida, a ingestão de uma bebida açucarada. A glicose é medida novamente duas horas depois. Um resultado de 200 mg/dL ou mais indica diabetes.

. Hemoglobina glicada (HbA1c): este teste fornece uma média dos níveis de glicose no sangue nos últimos dois a três meses. Um resultado de 6,5% ou mais é indicativo de diabetes.

Vale ressaltar que, para preencher critérios de diabetes, a pessoa precisa ter pelo menos dois resultados de exames laboratoriais compatíveis com diabetes.

Diabetes tipo 2 tem cura?

Não. Embora não exista cura para o diabetes tipo 2, a condição pode ser gerenciada com a adoção de um estilo de vida saudável, que inclui uma alimentação nutritiva (e a mais natural possível) e a prática regular de atividade física.

Em algumas situações, medicamentos podem ser prescritos para ajudar a controlar os níveis de glicose no sangue.

Atualmente a literatura médica utiliza o termo "remissão do diabetes" quando o indivíduo com diabetes permanece com sua condição metabólica bem controlada sem o uso de medicamentos antidiabéticos por pelo três meses. A remissão do diabetes costuma ocorrer após intervenções que envolvem restrição dietética e perda de peso relevante.

Qual é o tratamento?

O tratamento do diabetes tipo 2 envolve várias abordagens, combinando mudanças no estilo de vida, monitoramento dos níveis de glicose e, quando necessário, o uso de medicamentos. Aqui estão os principais elementos do tratamento:

. Dieta balanceada: manter uma alimentação saudável é fundamental. Isso inclui aumentar a ingestão de vegetais, grãos integrais, proteínas magras e gorduras saudáveis, ao mesmo tempo em que se limita o consumo de açúcares adicionados e carboidratos refinados que podem elevar os níveis de glicose.

. Exercícios físicos: a prática regular de atividade física melhora a sensibilidade à insulina e ajuda a controlar a glicose no sangue.

. Monitoramento da glicose: é importante monitorar os níveis de glicose regularmente para avaliar o controle da diabetes e ajustar o tratamento conforme necessário.

. Uso de medicamentos: eles ajudam a reduzir os níveis de glicose no sangue, aumentando a sensibilidade à insulina ou diminuindo a produção de glicose pelo fígado.

. Controle de peso: melhora o controle da glicose e reduz a resistência à insulina.

Como prevenir a doença?

Para prevenir o diabetes tipo 2, é fundamental adotar hábitos saudáveis e um estilo de vida ativo. Uma dieta rica em alimentos in natura, como frutas, vegetais, grãos integrais e proteínas magras, deve ser priorizada, evitando alimentos ultraprocessados e ricos em açúcar.

Além disso, é importante realizar exercício físico regularmente. Manter um peso saudável e parar de fumar são medidas importantes.

Por fim, cuidar do sono, gerenciar o estresse e manter os exames em dia podem contribuir para a prevenção da doença, promovendo a saúde geral e o bem-estar.

Qual médico trata diabetes tipo 2?

O endocrinologista é o médico indicado para tratar diabetes tipo 2, já que é o especialista em distúrbios hormonais e metabólicos. Ele é responsável por diagnosticar a condição e ajustar o tratamento conforme necessário.

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Além disso, o hospital fornece acompanhamento contínuo, permitindo ajustes no tratamento conforme necessário, e ajuda na prevenção de complicações associadas ao diabetes, garantindo um atendimento integral à saúde dos pacientes.

Escrito por
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Dra. Roberta Frota Villas Boas

Endocrinologista
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