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Disartria: condição afeta a capacidde de articular palavras normalmente

Disartria é uma dificuldade para pronunciar as palavras devido a uma alteração motora que prejudica a articulação adequada da fala.
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Dr. Ricardo de Carvalho Nogueira - Neurologista Atualizado em 28/07/2023

Você já parou para pensar em como realizamos tarefas cotidianas, como engolir e falar, de forma automática e sem pensar conscientemente nelas? 

Mas, para alguns indivíduos, essas ações podem ser um desafio constante. Isso ocorre devido a uma condição chamada disartria, um distúrbio que afeta a capacidade de uma pessoa de se expressar verbalmente devido a um comprometimento dos músculos responsáveis pela fala. 

Continue a leitura, saiba mais sobre essa condição, como ela afeta a vida das pessoas e as opções de tratamento. 

O que é disartria?

Disartria é uma dificuldade para pronunciar as palavras devido a uma alteração motora que prejudica a articulação adequada da fala. 

Embora possa parecer um problema relacionado à linguagem, na realidade é um problema de controle dos músculos envolvidos na fala, ou seja, um problema de natureza motora. 

Disartria: principais causas

A disartria pode ser causada por diversas condições, tanto neurológicas como não neurológicas. Entre as principais estão: 

Causas neurológicas: 

AVC: lesão na via motora responsável pela articulação da palavra. É considerada a principal causa. 

Doença de Parkinson: lesão nos núcleos da base, região do cérebro responsável pela coordenação da articulação das palavras. 

Miastenia Gravis: lesão na conexão entre os neurônios periféricos e os músculos. 

Causas não neurológicas: 

Intoxicação por álcool: resulta em uma voz desordenada, conhecida como voz embriagada. 

É importante destacar que existem outras condições que também podem causar disartria, uma vez que se trata de uma condição complexa que pode ter origem em diferentes regiões do sistema nervoso central e em outras causas não relacionadas ao sistema nervoso. 

Fatores de risco

Existem inúmeras causas para a disartria, e elas podem variar dependendo da doença subjacente. Alguns exemplos incluem: 

Doenças neurológicas, como Parkinson, Alzheimer, esclerose múltipla e ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica); 

Lesões cerebrais devido a trauma ou tumores; 

Condições musculares, como distrofia muscular; 

Uso de medicamentos que afetam o sistema nervoso ou os músculos; 

Abuso de substâncias, como álcool e drogas; 

Idade avançada, pois algumas condições que causam disartria tornam-se mais comuns com o envelhecimento. 

Tipos de disartria

Existem vários tipos de disartria, cada uma associada a diferentes problemas no sistema nervoso ou muscular que afetam a fala. A seguir, entenda cada um dos tipos mais comuns. 

Disartria espástica 

É causada por lesões nas vias motoras centrais e é frequentemente observada em casos de AVC (Acidente Vascular Cerebral). Nesse tipo de disartria, a voz fica tensa e há grande dificuldade na articulação das palavras. 

 

Disartria hipocinética 

É frequentemente observada em pacientes com doenças como o Parkinson e outros distúrbios do movimento. Nesse tipo de disartria, a voz pode se tornar quase inaudível em alguns momentos. 

Disartria hipercinética 

A voz apresenta uma característica trêmula e, ocasionalmente, ocorrem espasmos percebidos como gritos. 

Disartria atáxica 

É uma característica das doenças cerebelares, condições que afetam o cerebelo, parte do cérebro responsável pelo controle do equilíbrio, coordenação e movimento, resultando em uma voz hesitante e, em certos momentos, apresenta interrupções abruptas, também conhecidas como saltos. 

Disartria flácida 

É uma característica das doenças que afetam o neurônio periférico. Nesse tipo de disartria, a voz se torna mais rouca e anasalada, principalmente ao pronunciar as consoantes. 

Sintomas de disartria

O principal sintoma de disartria é a alteração da voz, podendo ser rouca ou sussurrante, por exemplo, principalmente na articulação das palavras. Além disso, dependendo da causa associada, também podem incluir: 

Fala arrastada ou lenta; 

Dificuldade em controlar o volume da voz; 

Problemas com a mastigação ou deglutição (ato de engolir). 

Como é o diagnóstico

O diagnóstico é, acima de tudo, clínico. Nesse sentido, um profissional de saúde irá considerar o histórico médico do paciente, seus sintomas, além de avaliar a fala por meio de alguns exames físicos. Entre eles estão: 

 
Morder o lábio inferior e botar a língua para fora 

Soprar uma vela 

Repetir palavras e frases 

Cantar 

Contar histórias  

Observar a pessoa realizando tais tarefas ajuda os profissionais a avaliar a força, movimento e possíveis problemas na fala, como respiração e fala espasmódica, distúrbio de voz causado por movimentos involuntários de um ou mais músculos da laringe.  

 Além disso, os testes físicos fornecem informações precisas sobre os músculos envolvidos e ajudam a adaptar o plano de tratamento conforme as necessidades individuais com disartria. 

Formas de tratamento para disartria

Uma das principais formas de tratamento para a disartria é a reabilitação da fala, por meio de exercícios que visam treinar todo o circuito envolvido na produção da articulação da palavra. O objetivo é melhorar a qualidade, clareza e fluência da fala. Esses exercícios podem incluir:  

Práticas de respiração: como técnicas de respiração profunda, controle do fluxo respiratório e expansão da capacidade pulmonar. 

Fortalecimento muscular: o intuito é fortalecer os músculos envolvidos na fala, como os músculos da mandíbula, lábios e língua, por exemplo. Para ser feito, pode-se usar mordedores especiais. 

Coordenação dos músculos faciais: pode envolver esticar os lábios, tocar a língua em diferentes pontos da boca e praticar movimentos precisos dos músculos envolvidos na articulação das palavras.  

Exercícios de articulação: podem incluir a prática de repetição de palavras e frases específicas, enfatizando a precisão dos movimentos articulatórios. 

Entonação vocal: visam praticar variações de entonação, pausas adequadas e ênfase nas sílabas corretas. 

Qual médico procurar? 

O profissional mais indicado para realizar esse tipo de tratamento é o fonoaudiólogo. O especialista desenvolve exercícios que podem ser comparados a uma musculação para a fala, ajudando a fortalecer e melhorar a coordenação dos músculos utilizados na produção dos sons.

Escrito por
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Dr. Ricardo de Carvalho Nogueira

Neurologista
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