As hepatites virais são infecções no fígado e representam um problema de saúde que afeta pessoas em todo o mundo. Aqui, no Brasil, as mais comuns são as hepatites C, B, A e D. Esses vírus podem causar inflamação no fígado, por vezes grave, mas muitas vezes não apresentam sintomas. Por esse motivo, muitas pessoas não sabem que estão infectadas. Algumas só vão ter o diagnóstico de hepatite viral quando já têm complicações, como cirrose ou até mesmo câncer de fígado (hepatocarcinoma). De acordo com a Dra. Sumire Sakabe, infectologista do Hospital Nove de Julho: “O diagnóstico precoce é importante, pois a hepatite C, responsável por 76% dos óbitos por hepatites virais no Brasil entre 2000-2020, é passível de tratamento eficaz."
A doença é, na grande maioria dos casos, silenciosa, e os sintomas podem ser confundidos com outras infecções: febre, mal-estar, enjoo, tontura, vômitos, cansaço, dor abdominal, urina escura, fezes claras e olhos e pele amarelados. Esses sinais geralmente aparecem na fase aguda da hepatite.
Os vírus B e C podem causar hepatite crônica, que pode passar despercebida, sem sintomas, por muitos anos. Ao longo desse tempo, alguns pacientes podem evoluir para uma cirrose hepática. Na cirrose, o fígado fica fibrosado e perde gradualmente sua funcionalidade. Tal condição, por sua vez, pode evoluir para um hepatocarcinoma. Assim, é muito importante diagnosticar precocemente a enfermidade e tratar as hepatites virais quando indicado.
A identificação das hepatites virais é feita por meio de exame de sangue.
Saiba mais sobre como se transmite a doença e quais as formas de prevenção.
Como se transmite a hepatite?
As hepatites virais, como o próprio nome sugere, são doenças causadas por vírus de diversos tipos. Esses diferentes agentes possuem em comum o fato de infectarem as células do fígado, mas são transmitidos de pessoa a pessoa de formas distintas.
A hepatite A é de transmissão oral-fecal, ou seja, o vírus eliminado nas fezes de uma pessoa doente contamina a água ou os alimentos que, quando ingeridos por outra pessoa, pode contrair a hepatite A. Práticas sexuais conhecidas como cunete, beijo grego, anilíngua, que consistem em sexo oral na região anal, também podem ser formas de transmissão da hepatite A.
Já a hepatite B é propagada da mesma forma que o HIV, por meio de sexo desprotegido, da gestante infectada que contamina o bebê pelo sangue ou fluidos corporais, por intermédio de material perfurocortante contaminado, como seringas, agulhas e piercings, ou ainda pela transfusão de hemoderivados infectados. O vírus HBV também pode ser transmitido pelo aleitamento materno caso o bebê e a mãe não tenham recebido tratamento adequado. A hepatite D só acontece junto com a hepatite B.
O vírus da hepatite C é propagado pelo contato com secreções corporais, daí o risco aumentado em profissionais de saúde, pessoas que receberam transfusão de sangue antes de 1992 ou que usam drogas injetáveis.
Prevenção
Segundo a Dra. Sumire Sakabe: “Há vacinas disponíveis para as hepatites A e B. Ambas são preconizadas no calendário de vacinação nacional para as crianças – a vacina contra a hepatite B é, inclusive, aplicada ainda no berçário, depois do nascimento. A vacina para a hepatite B é também oferecida pelo SUS para todas as pessoas, independentemente da idade, sendo necessárias três doses para a imunização. Sugere-se ainda que adultos que praticam sexo anal sejam imunizados contra a hepatite A, mas sua disponibilidade no SUS ainda é restrita."
A médica explica que, além da vacina, o saneamento básico; o consumo de água filtrada ou fervida; a limpeza adequada dos alimentos, em especial aqueles que serão consumidos crus; e a correta higiene das mãos ao usar o banheiro, manusear alimentos e antes das refeições são métodos importantes para a prevenção da transmissão da hepatite A.
Sexo com preservativo; adequada desinfecção e esterilização de material cirúrgico médico, odontológico ou para procedimentos estéticos; o não compartilhamento de alicates para cutícula, lâminas de barbear, agulhas e seringas no consumo de drogas injetáveis são maneiras de se proteger contra as hepatites B e C.
Como é o tratamento da hepatite viral?
A Dra. Sumire Sakabe explica que “na grande maioria dos casos, a doença é autolimitada, e cerca de 1% dos casos de hepatite A pode causar insuficiência hepática aguda grave. Não há uma forma específica de tratamento para a hepatite A; o médico vai instituir terapia e suporte conforme o caso".
As hepatites B e C podem, dependendo da situação clínica e laboratorial, demandar tratamento específico com antivirais.