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Neurologia

4 minutos de leitura

Isquemia cerebral: tratamento é feito por equipe multidisciplinar

Fraqueza de um lado do corpo, paralisia de um lado da face e dificuldade para falar estão entre os principais sintomas da isquemia cerebral (AVC isquêmico).
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Dr. Ricardo de Carvalho Nogueira - Neurologista Atualizado em 30/10/2024

Diagnóstico envolve, além da avaliação clínica, uma série de exames laboratoriais e de imagem

Pacientes com sintomas suspeitos de isquemia cerebral devem ser investigados imediatamente, pois essa condição é considerada uma emergência médica. É fundamental

que o diagnóstico seja feito de forma bem rápida e precisa por um neurologista para que se inicie o tratamento o quanto antes, com o intuito de diminuir o risco de sequelas.

O que é isquemia cerebral?

Isquemia cerebral é um tipo de AVC (acidente vascular cerebral), chamado especificamente de AVC isquêmico. Esse quadro ocorre quando um coágulo obstrui uma artéria do cérebro, assim prejudicando o fluxo sanguíneo e restringindo o fornecimento de oxigênio aos neurônios.

O outro tipo de acidente vascular cerebral é o AVC hemorrágico, que acontece quando um vaso sanguíneo se rompe e, consequentemente, limita o fornecimento de oxigênio para um determinado local do cérebro.

O que causa isquemia cerebral?

A isquemia cerebral é causada por um coágulo que entope uma artéria responsável por irrigar o cérebro. Tal coágulo pode vir do coração, ou se formar dentro das artérias como resultado da aterosclerose (condição caracterizada pelo acúmulo de placas de gordura nas paredes dos vasos sanguíneos).

São vários os fatores de risco que podem favorecer a ocorrência da isquemia cerebral, sendo os principais: hipertensão, diabetes, tabagismo e dislipidemia.

Quais são os sintomas de isquemia cerebral?

Geralmente, os sintomas mais clássicos do AVC isquêmico são unilaterais: fraqueza de um lado do corpo e paralisia de um lado da face. Outra manifestação bem comum é a dificuldade para falar, notada quando o paciente não encontra as palavras para se expressar ou forma uma frase sem sentido. Demais sinais como tontura, visão dupla ou turva e fala enrolada também podem representar uma isquemia cerebral.

Há uma estratégia simples para auxiliar os indivíduos a suspeitarem que alguém está tendo um AVC. Para identificar possíveis sinais desta condição, basta lembrar da sigla SAMU:

· S (sorriso): diga para a pessoa sorrir e observe se existem assimetrias na face;

· A (abraço): abrace a pessoa e observe se um dos braços não se movimenta;

· M (música): peça para a pessoa repetir a letra de uma música;

· U (urgente): se qualquer um dos sinais mencionados acima for detectado, é necessário ir a um hospital com urgência.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico de isquemia cerebral envolve, inicialmente, um minucioso exame clínico conduzido pelo neurologista. Em seguida, o médico aprofunda a investigação utilizando um exame de imagem (mais comumente, a tomografia computadorizada).

Como o AVC isquêmico é causado por uma oclusão do vaso sanguíneo, também é importante realizar uma angiotomografia para detectar tal oclusão. Além disso, o exame de Doppler transcraniano costuma ser solicitado para avaliar o fluxo de sangue para o cérebro – sobretudo na região afetada pela obstrução.

Em paralelo aos exames de imagem, investiga-se a parte sistêmica do paciente através de exames laboratoriais para avaliar a taxa de açúcar no sangue (glicemia), o colesterol, a função do rim, entre outros aspectos.

Também é fundamental investigar o coração do paciente, porque existe uma interação muito grande entre esse órgão e o cérebro. Os principais exames para essa análise são o eletrocardiograma, o Holter e o ecocardiograma.

Qual é o tratamento para isquemia cerebral?

Na fase mais aguda (primeiras 4 ou 5 horas) do AVC isquêmico, há a possibilidade de administrar um remédio de forma intravenosa para tentar dissolver o coágulo que está entupindo a artéria. Em algumas situações, também pode-se tentar retirar o coágulo por meio de cateterismo – esse procedimento deve ser feito nas primeiras 24 horas (quanto mais cedo, maior a chance de sucesso) e é destinado principalmente a casos de oclusão de uma grande artéria.

Nos primeiros dias após a isquemia cerebral, é necessário adotar medidas como controle da pressão arterial, instituição de exercícios físicos para melhorar a movimentação do corpo e treino da fala e da deglutição. É imprescindível que o paciente tenha o suporte de uma equipe multiprofissional constituída por especialistas além do médico, como: enfermeiro, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, farmacêutico, nutricionista, terapeuta ocupacional, psicólogo e assistente social.

Depois, é importante iniciar a profilaxia secundária, ou seja, o uso de medicamentos para prevenção de novos eventos. Para isto, o paciente deve ser avaliado por um neurologista para identificar a causa da isquemia e, então, introduzir o medicamento mais apropriado para cada caso.

Também se recomenda uma mudança nos hábitos de vida do indivíduo, visando controlar os fatores de risco para AVC (hipertensão, diabetes, tabagismo e dislipidemia). Nesta etapa, o neurologista tende a atuar em conjunto com outras especialidades médicas – a exemplo do clínico geral, do cardiologista e do geriatra.

Cabe ressaltar ainda que, no período de recuperação, as sequelas neurológicas podem causar problemas nos ossos e nos músculos devido à imobilidade. Para evitar tais problemas, é essencial a atuação do fisiatra (médico habilitado a tratar condições que estejam associadas a alguma incapacidade funcional e reabilitar fisicamente o paciente).

Neurologia no Hospital Nove de Julho

O Hospital Nove de Julho dispõe de um pronto-socorro disponível 24h, todos os dias da semana, com neurologistas prontos para atender casos de urgência e emergência.

Além disso, o hospital conta com uma estrutura completa para consultas e exames (laboratoriais e de imagem) e com um corpo clínico altamente capacitado, formado por diversos profissionais aptos a acolher e orientar os pacientes em todas as etapas do tratamento.

Escrito por
RD

Dr. Ricardo de Carvalho Nogueira

Neurologista
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Dr. Ricardo de Carvalho Nogueira

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