Você já ouviu falar sobre o mieloma múltiplo? Trata-se de um tipo de câncer que acomete os plasmócitos, células responsáveis por produzir anticorpos, essenciais para combater vírus e bactérias invasoras. Em grego, "mielo" designa a medula óssea, enquanto "oma" indica um tumor ou acúmulo de células cancerosas.
O que é mieloma múltiplo?
O mieloma múltiplo é uma doença hematológica, um tipo de câncer, que afeta um tipo específico de células de defesa chamadas plasmócitos, responsáveis pela produção de anticorpos. Essas células quando se tornam doentes se multiplicam na medula óssea, podendo causar tumores ou áreas de perda óssea, conhecidas como lesões líticas.
Geralmente, esse tipo de câncer se desenvolve nos ossos da coluna, crânio, pelve, caixa torácica, ombros e quadris. Embora seja chamado de "múltiplo", em alguns raros casos pode ocorrer um único tumor ósseo, chamado de plasmocitoma.
O que causa mieloma múltiplo?
Não é conhecida a causa do mieloma múltiplo. A grande maioria das pessoas não apresenta nenhum fator de risco conhecido. Em raros casos, o mieloma múltiplo pode ter sido desencadeado por uma variedade de fatores, incluindo:
- Exposição a produtos químicos extremamente tóxicos, como benzeno, dioxinas, produtos químicos agrícolas e solventes.
- Exposição à radiação ionizante em doses altas.
- Predisposição genética: mesmo que em uma minoria dos casos, existem evidências de predisposição genética, como ter um parente próximo diagnosticado anteriormente com mieloma ou doença semelhante como a gamopatia monoclonal de significado indeterminado (MGUS).
Quais são os sintomas de mieloma múltiplo?
Primeiramente, é importante destacar que alguns pacientes podem não apresentar nenhum tipo de sintomas ou sinal da doença, especialmente na fase inicial da doença.
Nos casos mais avançados, com maior infiltração e maior produção de proteína monoclonal, alguns sintomas podem surgir, como:
- Cansaço extremo, fraqueza e palidez;
- Dores ósseas (especialmente na coluna) e fraturas espontâneas;
- Mau funcionamento dos rins;
- Inchaço nas pernas;
- Perda de apetite;
- Perda de peso;
- Constipação;
- Sensibilidade alterada nos dedos das mãos e pés;
- Infecções recorrentes (como pneumonia ou infecção do trato urinário).
Vale lembrar que todos esses sintomas podem estar associados a outras doenças. Por isso, a importância de um acompanhamento médico especializado caso alguns deles apareçam.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico do mieloma múltiplo pode ser feito de várias maneiras. Entre elas estão:
Exame de rotina: principalmente hemograma, que pode revelar alterações nas células sanguíneas, creatinina, que mostra a função do rim, cálcio, que pode estar elevado pela presença das lesões ósseas.
Eletroforese de proteínas e imunofixação de proteínas: ambos realizados com coletas de sangue e/ou urina quando há a suspeita de mieloma múltiplo, cujo objetivo é detectar a presença da proteína monoclonal.
Aspirado e/ou Biópsia da medula óssea: na qual uma amostra ou um fragmento do osso da bacia é retirado e analisado em laboratório para determinar a quantidade de plasmócitos presentes e se esses plasmócitos estão alterados.
Exames de imagem: Tomografia computadorizada, PET-CT (PET Scan) e ressonância magnética, com o intuito de verificar possíveis alterações nos ossos e a presença de plasmocitomas.
Mieloma Múltiplo tem cura? Como é o tratamento?
Conceitualmente consideramos que ainda não há cura. Mas houve um impressionante avanço na área nos últimos anos: e, com a eficácia cada vez maior e mais duradoura, muitos pacientes, especialmente os mais idosos, podem realizar um único tratamento e nunca mais precisar tratar, morrendo de causas naturais ou de outras causas.
O tratamento hoje é adaptado conforme a fase da doença e busca controlar os sintomas, prolongar e melhorar a qualidade de vida do paciente, podendo incluir:
-
Imunomoduladores: medicamentos que atuam diretamente estimulando o sistema imune do paciente para aumentar a resposta contra invasores. Os mais usados são a talidomida, a lenalidomida e a pomalidomida
-
Inibidores do proteassoma**:** medicamentos eficientes que atacam mais as células doentes e menos as saudáveis. Os mais usados são o bortezomibe, o carfilzomibe e o ixazomibe.
-
Anticorpos monoclonais (imunoterapia): proteínas produzidas em laboratório para agir em alvos específicos. No caso do mieloma, para atacar os plasmóticos. Os mais usados são o daratumumabe e o isatuximabe.
-
Anticorpos monoclonais biespecíficos**:** proteínas produzidas em laboratório para agir em alvos específicos no sistema imune e conectar as células imunes às células doentes. Os mais usados são o teclistamabe, talquetamabe e elranatamabe.
-
Transplante de medula óssea: realizado, em muitos casos, como parte do tratamento do mieloma múltiplo. Na grande maioria das vezes é realizado o transplante autólogo, usando células-tronco do próprio paciente coletadas após alguns ciclos do tratamento que são devolvidas ao paciente após receber quimioterapia, medicamentos para destruir, controlar ou inibir o crescimento das células doentes.
-
Terapia celular com CAR-T Cells (células CAR-T): é uma modalidade mais nova e muito eficiente de tratamento do mieloma múltiplo que consiste em retirar uma parte dos linfócitos do paciente, modificar os linfócitos em laboratório tornando-os mais eficientes contra o mieloma e, depois, devolvendo para o paciente para combater a doença.
Vale mencionar que o Departamento de Onco-hematologia do Hospital Nove de Julho possui duas unidades especializadas em Onco-hematologia, destinadas a pacientes adultos e pediátricos. Essas unidades são exclusivas e estão totalmente equipadas para fornecer tratamento de excelência a pacientes oncológicos com doenças relacionadas ao sangue ou órgãos hematopoiéticos.
O Hospital Nove de Julho é referência no tratamento do mieloma múltiplo. Além da equipe de onco-hematologistas altamente qualificada, a estrutura conta com uma Unidade de Transplante de Medula Óssea e um Centro de Pesquisa e Ensino sobre o tema.
Qual médico procurar?
Recomenda-se procurar um onco-hematologista, um especialista com conhecimento específico na área de oncologia e hematologia, capaz de fornecer o diagnóstico adequado e desenvolver um plano de tratamento personalizado para essa condição.