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Ginecologia

6 minutos de leitura

Ooforectomia: o que é e quando ela é indicada?

Procedimento pode ser realizado para a retirada de um ou dois ovários
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Dra. Luisa Marcella Martins - Ginecologista Atualizado em 04/03/2024

Os ovários são órgãos reprodutivos femininos localizados na cavidade pélvica, um em cada lado do útero. Eles desempenham papéis importantes no sistema reprodutor e na regulação hormonal da mulher. No entanto, algumas condições que atingem esses órgãos, como câncer de ovário (um dos mais difíceis de diagnosticar) e cistos, podem tornar necessária a retirada dos ovários. Nesse sentido, a ooforectomia desempenha um importante papel. Acompanhe a leitura e saiba mais sobre o procedimento a partir de agora.  

O que é ooforectomia?

A ooforectomia é um procedimento cirúrgico no qual um ou ambos os ovários são removidos. Existem dois tipos, conforme explicamos a seguir.  

Ooforectomia unilateral 

Quando apenas um ovário é removido, o procedimento é chamado de ooforectomia unilateral.  

Ooforectomia bilateral 

Se ambos os ovários são removidos, a ooforectomia é chamada de bilateral.  

Em quais casos a ooforectomia é indicada?

A ooforectomia pode ser realizada por várias razões, incluindo o tratamento de condições médicas como: 

  • Câncer
  • Endometriose
  • Cistos ovarianos extensos; 
  • Doença inflamatória pélvica grave.  

Além disso, o procedimento é fundamental para reduzir o risco de câncer em mulheres com histórico familiar de câncer ovariano.  

Como a ooforectomia é feita?

A ooforectomia é um procedimento cirúrgico que pode ser realizado de diferentes maneiras, dependendo da condição médica da paciente e das preferências do cirurgião: 

  • Cirurgia convencional (laparotomia): é feita uma incisão maior na região abdominal, permitindo ao cirurgião acesso direto aos ovários. Isso é geralmente utilizado em casos de tumores de grandes volumes. 
  • Cirurgia laparoscópica: são feitas várias incisões pequenas na região abdominal. Uma câmera é inserida por meio de uma das incisões para visualizar os ovários. Outros instrumentos cirúrgicos são inseridos nas incisões adicionais para remover os ovários. Este método é menos invasivo que a cirurgia convencional e geralmente resulta em uma recuperação mais rápida e com menos dor. 
  • Cirurgia robótica: é semelhante à cirurgia laparoscópica, mas utiliza um sistema robótico controlado pelo cirurgião para realizar a operação. Isso oferece maior precisão e controle durante a cirurgia. 

Durante o procedimento, os ovários são identificados, isolados e removidos cirurgicamente. Depois, os tecidos circundantes - que envolvem e sustentam os ovários - são cuidadosamente examinados para garantir que não haja complicações ou sangramentos. Por fim, após a conclusão da cirurgia, as incisões são fechadas com pontos ou adesivos cirúrgicos e um curativo é aplicado. 

Quais são os riscos da ooforectomia?

A ooforectomia, como qualquer procedimento cirúrgico, apresenta alguns riscos e possíveis complicações:  

  • Riscos gerais da cirurgia: há riscos associados à anestesia, como reações alérgicas, problemas respiratórios e complicações cardiovasculares. Além disso, existe o risco de infecção no local da incisão. 
  • Sangramento excessivo: que pode exigir transfusão de sangue ou procedimentos adicionais para controlar a hemorragia. 
  • Lesão de órgãos adjacentes: risco de lesão acidental de órgãos adjacentes, como intestinos, bexiga ou vasos sanguíneos, o que pode exigir reparo cirúrgico adicional. 
  • Trombose: a cirurgia e o período de recuperação aumentam o risco de desenvolver coágulos sanguíneos nas pernas (trombose venosa profunda) ou nos pulmões (embolia pulmonar). 
  • Menopausa precoce: se ambos os ovários forem removidos durante a ooforectomia, isso resultará na menopausa precoce, com a interrupção abrupta da produção hormonal. Isso pode levar a sintomas de menopausa intensos, como ondas de calor, alterações de humor, secura vaginal e aumento do risco de doenças cardiovasculares e osteoporose, condição que enfraquece os ossos. 
  • Impacto na fertilidade e na saúde reprodutiva: a remoção de ambos os ovários resulta na perda permanente da capacidade reprodutiva. 

Como é a recuperação da ooforectomia?

A recuperação da ooforectomia pode variar de uma pessoa para outra, dependendo de vários fatores, incluindo a técnica cirúrgica utilizada, a saúde geral da paciente e a presença de complicações durante ou após a cirurgia.   

No geral, quando realizada de forma isolada, é considerada uma cirurgia de média complexidade e a maioria das mulheres tem uma recuperação rápida e relativamente tranquila no pós-operatório que requer: 

  • Internação hospitalar: a maioria das ooforectomias são realizadas como cirurgia ambulatorial, o que significa que a paciente pode ir para casa no mesmo dia da cirurgia. Em alguns casos, pode ser necessário passar uma noite no hospital para monitorização e controle da dor.  

  • Repouso: durante os primeiros dias após a cirurgia, é importante descansar e evitar atividades extenuantes. Recomenda-se evitar levantar objetos pesados, dirigir e realizar atividades vigorosas durante pelo menos algumas semanas, conforme orientação médica.  

  • Medicação para controle da dor: o médico pode prescrever analgésicos para controlar a dor e o desconforto após a cirurgia.  

  • Cuidado com as incisões: manter as incisões limpas e secas para prevenir infecções.  

  • Retorno gradual às atividades: à medida que a paciente se recupera, ela pode gradualmente retomar as atividades normais, como caminhar, subir escadas e realizar tarefas domésticas leves. No entanto, é importante evitar esforços excessivos e seguir as orientações do médico sobre a retomada das atividades físicas.  

  • Acompanhamento médico: durante o período de recuperação, a paciente deve continuar a realizar consultas de acompanhamento com o médico para monitorar a cicatrização das incisões, checar o resultado do anatomopatológico (biópsia) da cirurgia, avaliar os sintomas e discutir qualquer preocupação ou complicação potencial.  

O tempo de recuperação total pode variar, mas geralmente as pacientes podem retornar às atividades normais dentro de algumas semanas.  

Quem faz ooforectomia pode engravidar?

Se ambos os ovários forem removidos durante uma ooforectomia bilateral, a mulher perde a capacidade de engravidar naturalmente, pois os ovários são responsáveis pela produção de óvulos e hormônios sexuais femininos essenciais para a fertilidade. 

No entanto, se apenas um ovário for removido (ooforectomia unilateral) e o outro ovário estiver saudável, a mulher ainda pode engravidar naturalmente, pois o ovário remanescente continuará a produzir óvulos e hormônios sexuais. No entanto, é importante observar que a remoção de um ovário pode afetar a fertilidade, especialmente se houver complicações ou danos ao ovário remanescente. 

Se uma mulher deseja engravidar após uma ooforectomia bilateral ou se houver preocupações com a fertilidade após uma ooforectomia unilateral, é possível explorar outras opções de concepção, como a FIV (fertilização in vitro) utilizando óvulos doados ou óvulos previamente congelados. É recomendável discutir essas opções com um especialista em fertilidade ou um ginecologista reprodutivo para determinar a melhor abordagem com base na situação individual de cada paciente. 

Ooforectomia causa menopausa?

Dependendo da idade da mulher e se os ovários estão saudáveis, a remoção dos ovários pode resultar em menopausa precoce, pois eles são responsáveis pela produção de hormônios sexuais femininos, como estrogênio e progesterona, que desempenham papéis essenciais na regulação do ciclo menstrual e na saúde reprodutiva.  

Quando os ovários são removidos, a produção desses hormônios é interrompida abruptamente, o que resulta na menopausa cirúrgica.  

Se apenas um ovário for removido (ooforectomia unilateral) e o outro ovário estiver saudável, a mulher ainda pode manter a função hormonal e a menstruação regular. No entanto, a remoção de ambos os ovários resultará na menopausa precoce.  

Se uma mulher entrar na menopausa devido à ooforectomia, pode ser necessário iniciar terapia hormonal para aliviar os sintomas e reduzir o risco de complicações a longo prazo, como osteoporose e doenças cardiovasculares. Sendo assim, é importante discutir todas as opções de tratamento com um médico para determinar a melhor abordagem para cada caso individual. 

Ooforectomia engorda?

Nem sempre. O impacto no peso após o procedimento pode variar de uma pessoa para outra a depender de fatores como idade, estilo de vida, dieta, nível de atividade física e saúde geral. 

Algumas mulheres podem experimentar alterações no apetite e no metabolismo após a ooforectomia bilateral, o que pode contribuir para o ganho de peso. 

No entanto, nem todas as mulheres ganham peso após a ooforectomia. A chave para gerenciar o peso após o procedimento é adotar um estilo de vida saudável, incluindo uma dieta equilibrada, prática regular de atividade física e manejo do estresse.   

Quais são os benefícios da ooforectomia por cirurgia robótica?

A cirurgia robótica permite movimentos precisos e delicados, proporcionando ao cirurgião maior destreza e controle durante o procedimento. Isso pode reduzir o risco de complicações durante e após a cirurgia, como lesões de órgãos adjacentes, sangramento excessivo e infecções. 

Além disso, seus sistemas cirúrgicos robóticos fornecem uma visão tridimensional ampliada e detalhada do local da cirurgia, permitindo ao cirurgião uma melhor visualização dos tecidos e estruturas anatômicas. Isso pode facilitar a identificação e a manipulação dos ovários durante a ooforectomia. 

As incisões feitas durante a cirurgia robótica são geralmente menores do que as incisões utilizadas na cirurgia aberta tradicional. Isso pode resultar em menos dor pós-operatória, menor perda de sangue e melhor cicatrização, o que contribui para uma recuperação mais rápida e menos tempo de internação hospitalar.  

Contudo, nem todos os pacientes são candidatos adequados para cirurgia robótica e a escolha do método cirúrgico deve ser individualizada com base na condição médica do paciente, experiência do cirurgião e recursos disponíveis no centro médico.

Escrito por
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Dra. Luisa Marcella Martins

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