No verão, quando uma pessoa está com diarreia, a primeira coisa que pensamos é: “comeu algo estragado”.
Sim, isso é comum, mas a diarreia é um sintoma quase tão amplo quanto uma febre, ou seja, pode indicar diferentes problemas, mas é possível diferenciar o sintoma em dois grandes grupos:
Agudas
Costumam durar menos de duas semanas (máximo quatro nas persistentes) e costumam ser divididas em aquosas e disentéricas (ou sanguinolentas), de acordo com o agente causador.
A maioria tem origem infecciosa: por vírus, bactérias, parasitas, ou ainda por toxinas secretadas por algumas bactérias, como E. coli e V. cholerae (ou Cólera), podendo advir de água e alimentos contaminados.
Suspeitamos de infecção quando a diarreia começa subitamente, é acompanhada de febre, náuseas, vômitos e queda no estado geral, como apatia.
Se você comeu algo estragado e menos de 12h desenvolveu diarreia aquosa, muito provavelmente é a toxina da bactéria e não a bactéria em si.
Não há muito o que fazer além de esperar a eliminação destas toxinas. Nesse momento é importante manter a hidratação e, se necessário, usar medicamento para aliviar a dor.
Atenção: se a diarreia aparecer com mais de 12h, até 24h após ter contato com algo contaminado, especialmente se vier com sangue, pode ser indício de vírus ou bactérias mais “potentes”.
Neste grupo há também as diarreias desencadeadas por vermes e parasitas – que costumam acontecer principalmente em algumas regiões do país, com falta de saneamento básico, por exemplo.
Nestes casos, a identificação do parasita acontece apenas em cerca de 30% dos casos. Na maioria das vezes, já partimos para um tratamento que procura amenizar os sintomas e manter a hidratação.
Boa parte das diarreias agudas se resolvem entre três e sete dias, por isso, é importante prestar atenção ao tempo que você tem os sintomas.
O médico deve ser procurado quando nessas circunstâncias:
Quando houver sangue nas fezes;
Quando você não consegue repor por via oral a água que está perdendo;
Quando há sintomas de desidratação como fraqueza, mão gelada, boca seca, tontura e coração palpitante;
Quando a diarreia dura mais que cinco dias, com estufamento da barriga;
E quando você vem de alguma região com suspeita de epidemia / surto de diarreia.
Crônicas
A diarreia crônica ou intermitente dura mais do que quatro semanas seguidas, ou com o intestino soltando pontualmente entre esse período. Nestes casos, em geral, há três diagnósticos que devem ser identificados por meio do acompanhamento de um gastroenterologista:
Intolerância alimentar – principalmente à lactose, mais comuns em mulheres e idosos, além da intolerância ao glúten e a própria doença celíaca, que cresceu muito nos últimos anos;
Síndrome do intestino irritável – comum em mulheres jovens, acompanha dor abdominal, costuma prender ou soltar o intestino. É conhecida, também, como diarreia funcional. Está ligada à movimentação, absorção, sensibilidade fora do padrão, mas sem alterações anatômicas no intestino - não se trata de uma inflamação no órgão;
Doença inflamatória intestinal - inflamação que acomete todo o trato digestivo ou parte dele. Questões genéticas, do sistema imunológico e fatores ambientais podem estar entre as principais causas.
As parasitoses também podem entrar neste grupo das diarreias crônicas, mas são mais raras em ambientes de boa infra-estrutura urbana.
Esse artigo foi originalmente publicado em 16/03/2017 e atualizado.
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