A creatinina é uma substância do metabolismo muscular produzida pela quebra de uma proteína chamada fosfocreatina. Essa substância é filtrada pelos rins e expelida pela urina. Quando há algum problema no funcionamento renal, ela tende a aumentar e permanecer no sangue.
Embora seja produzida pelo organismo, a creatinina também pode ser obtida por meio de alimentos ricos em proteína, como carnes e peixes.
Nesta edição do blog, a Dra. Maria Júlia Araújo, nefrologista do Hospital Nove de Julho, explica a importância da creatinina e do exame periódico que avalia sua dosagem. Saiba mais!
O que é creatinina e como ela age no corpo?
Os músculos precisam de energia para realizar suas funções. Isso acontece por meio de uma proteína chamada creatina fosfato (fosfocreatina), que é sintetizada pelas proteínas da alimentação. Ela é produzida no fígado, nos rins e no pâncreas e é levada aos músculos e ao cérebro. Lá passa por um processo de fosforilação até se transformar em creatina fosfato, um elemento essencial no processo de contração muscular.
Mesmo em repouso, o corpo está constantemente em atividade muscular. A creatinina, por sua vez, é um resíduo gerado do resultado desse consumo constante de creatina fosfato.
Depois de gerada, a creatinina vai para a corrente sanguínea a fim de ser eliminada na urina, por meio dos rins. Quando os níveis de creatinina estão elevados, pode indicar algum problema no funcionamento renal, por isso o exame é tão importante.
A Dra. Maria Júlia Araújo explica que a creatinina “está presente no sangue, e é eliminada por meio da urina. Sua quantidade é proporcional à quantidade de músculos (proteínas), ou seja, quanto mais massa muscular, maior é o nível de creatinina. Quando a massa muscular está estável, mas mesmo assim ocorre aumento no nível de creatinina no sangue, é um sinal de que algo não está funcionando bem. Isso quer dizer que o organismo não está conseguindo eliminar corretamente a creatinina do sangue e provavelmente outras substâncias".
Entenda quais são os níveis considerados normais de creatinina no corpo. Veja a seguir.
Quais são os números ideais de creatinina?
Apesar de os níveis de creatinina não serem absolutos, mas interpretados pelo médico de acordo com cada pessoa, normalmente, esse número varia entre 0,6 e 1,3 mg/dL. A interpretação da creatinina deve levar em consideração a idade, o sexo e o peso, mas os valores acima de 1,5 ou 1,6 mg/dL normalmente podem indicar algum problema renal.
A Dra. Maria Júlia Araújo ressalta que “a creatinina não é o causador da doença renal. Seus níveis se elevam quando há um mau funcionamento dos rins. Quando isso acontece, é sinal também de que os rins estão com dificuldade para eliminar outras substâncias, como toxinas. É importante lembrar que nem sempre os pacientes serão sintomáticos, por isso o exame da creatinina deve ser realizado. Quando a elevação dos valores da substância e a doença renal são confirmadas, o paciente deve fazer um acompanhamento com nefrologista para evitar a progressão da patologia".
“É importante descobrir que problema está causando a alteração e tratar a causa, assim, os níveis podem voltar aos indicadores normais ou ser estabilizados", explica a médica.
O que é exame de dosagem de creatinina?
O exame de creatinina tem o objetivo de analisar a função renal. Isso porque quando ela está elevada, pode significar que o rim está doente, mesmo sem o indivíduo apresentar nenhum sintoma. Há a recomendação de realizar a dosagem da substância anualmente em adultos com mais de 40 anos ou na suspeita de alguma doença renal, além de ser indicada para pessoas com o risco aumentado de desenvolver alguma enfermidade nos rins, entre as quais, por exemplo, as pessoas com:
- diabetes;
- hipertensão;
- infecção urinária de repetição;
- insuficiência cardíaca;
- doença cardiovascular, como infarto ou AVC;
- uso crônico de anti-inflamatórios;
- cálculos renais;
- história de nefrite na infância;
- lúpus ou outras doenças autoimunes.
De acordo com a Dra. Maria Júlia Araújo, “a análise dos níveis de creatinina no sangue avalia se existe a presença de alguma alteração nos rins. Quando seus níveis estão altos, significa que os órgãos não estão conseguindo eliminar a proteína adequadamente, o que acaba gerando uma concentração da substância no sangue. Muitas vezes, somente por meio do exame da creatinina é possível descobrir a doença renal que está causando esse desequilíbrio, pois muitas enfermidades são assintomáticas. A doença renal costuma ser silenciosa nos estágios iniciais, e se o diagnóstico for feito apenas quando os sintomas aparecerem, o tratamento será tardio ou a condição pode ser detectada já em um estágio irreversível".
A médica destaca ainda que é “importante que os exames sejam sempre avaliados por um médico, para que sejam interpretados corretamente. Existem algumas medicações ou suplementações que podem elevar a creatinina, sem significar alteração do rim. Para ter certeza, procure um nefrologista".