Tratamento deve ser feito até o final, mesmo que os sintomas desapareçam antes disso
Alguns especialistas citam uma "explosão" de sífilis no mundo. De fato, os casos entre adultos de 15 a 49 anos aumentaram 30% entre 2020 e 2022 nas Américas, segundo recente relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 2022, atingiram um total de 8 milhões pessoas no mundo. No Brasil, de 2021 para 2022, a taxa de detecção da doença cresceu 23%.
A sífilis é uma IST (infecção sexualmente transmissível) que pode ser prevenida e é curável. Mas que pode levar a sérias complicações se não for tratada. Continue a leitura para entender mais sobre essa infecção, seus sintomas, tratamento e como prevenir.
O que é sífilis?
A sífilis é uma infecção bacteriana de transmissão sexual que evolui em estágios e pode causar uma série de problemas de saúde se não for tratada adequadamente. Em seus primeiros estágios, pode passar despercebida, pois algumas pessoas não apresentam sintomas ou eles são muito semelhantes à de outras infecções. No entanto, se a doença progredir, pode afetar órgãos como o cérebro, olhos e sistema nervoso central, chamada de neurossífilis nesse último caso.
Tipos de sífilis
A sífilis adquirida é transmitida por meio de relações sexuais desprotegidas ou pelo contato direto com lesões de uma pessoa infectada, manifestando-se em estágios (primário, secundário, latente e terciário). Já a sífilis congênita ocorre quando a mãe infectada transmite a bactéria Treponema pallidum para o feto durante a gravidez ou no parto, podendo causar sérios problemas de saúde ao bebê, como malformações, surdez, cegueira, ou até levar à morte, se não tratada. A sífilis congênita é evitável com o diagnóstico e tratamento adequado da mãe durante o pré-natal.
Como a sífilis é transmitida?
No caso da sífilis adquirida, a transmissão ocorre, principalmente, por contato sexual desprotegido com uma pessoa infectada. Isso inclui relações vaginais, anais e orais. A infecção ocorre através do contato das úlceras sifilíticas - lesões altamente contagiosas que podem se apresentar como pequenas feridas ou lesões nos genitais, boca ou outras áreas do corpo - com mucosa e pele do parceiro ou parceira.
Já a sífilis congênita é transmitida de mãe para filho durante a gravidez. Nesse caso, a infecção pode causar sérios problemas para o bebê, incluindo malformações e até a morte.
Estágios da sífilis
A sífilis adquirida se desenvolve em quatro estágios distintos: primário, secundário e terciário. Cada estágio tem sintomas diferentes, e sem tratamento, a infecção pode progredir para o próximo estágio. Mas, vale mencionar que em todas as pessoas apresentam ou percebem o acontecimento dos estágios da sífilis. Por este motivo, pessoas com exposições sexuais desprotegidas devem fazer exame de sífilis periodicamente.
Primária - Feridas
No estágio primário, o principal sintoma é o aparecimento de uma ou mais feridas no local de infecção, geralmente nos genitais, ânus ou boca. Essas feridas são indolores e desaparecem sozinhas após algumas semanas, o que pode levar a pessoa a pensar que a infecção foi embora. No entanto, a bactéria continua no corpo.
Secundária - Erupções cutâneas
Se a sífilis não for tratada, ela entra no estágio secundário, no qual podem aparecer erupções cutâneas em várias partes do corpo, incluindo palmas das mãos e solas dos pés. Outros sintomas podem incluir febre, fadiga, dor de garganta e queda de cabelo, aumento dos gânglios, cansaço. Esses sintomas também podem desaparecer por conta própria, mas a infecção permanece ativa.
Terciária - Danos em outros órgãos
A sífilis terciária é o estágio mais grave e pode ocorrer anos após a infecção inicial. Nesta fase, a bactéria pode causar danos graves aos órgãos internos, como coração, cérebro, fígado, nervos e olhos. Sem tratamento, esses danos podem ser irreversíveis e, em alguns casos, fatais.
Sintomas de sífilis
Os sintomas da sífilis adquirida variam dependendo do estágio da infecção, sendo que homens e mulheres podem apresentar sinais diferentes. Vale ainda pontuar que a sífilis também pode não apresentar sintomas ou, ainda, que eles podem não ser percebidos pelos portadores da infecção.
Sintomas de sífilis em homens
Nos homens, as primeiras feridas geralmente aparecem nos genitais, um sintoma comum e que pode ser confundido com as lesões do câncer de pênis. No estágio secundário, além das erupções cutâneas, pode haver aumento dos linfonodos, dores musculares e sintomas gripais.
Sintomas de sífilis em mulheres
Nas mulheres, as feridas iniciais podem surgir na vulva, vagina e colo uterino, mas a infecção pode permanecer silenciosa por muito tempo. No estágio secundário, assim como nos homens, podem ocorrer erupções cutâneas, febre e mal-estar generalizado. Vale mencionar que, embora a sífilis em si não cause diretamente Doença Inflamatória Pélvica (DIP), mulheres com ISTs como a sífilis têm um risco aumentado de desenvolver DIP por infecções secundárias.
Sífilis na boca
A sífilis também pode se manifestar na boca, com o surgimento de feridas indolores nos lábios, gengivas ou língua. Essas feridas são altamente contagiosas e podem se transmitir por meio de beijos, apesar de ser raro, ou sexo oral desprotegido.
Sífilis tem cura?
Sim, a sífilis tem cura. O tratamento com antibióticos, principalmente penicilina, é altamente eficaz na eliminação da bactéria. No entanto, é importante que o tratamento seja iniciado quanto antes para evitar que a infecção avance para os estágios mais graves, que podem causar danos irreversíveis ao corpo.
Como é feito o tratamento?
O tratamento da sífilis adquirida envolve a administração de antibióticos, geralmente injeções de penicilina. Para pessoas alérgicas à penicilina, podem ser prescritos outros antibióticos. O número de doses depende do estágio da infecção. É fundamental que o paciente complete o tratamento e siga as orientações médicas, mesmo que os sintomas desapareçam antes do final do tratamento. Se a mãe for diagnosticada com sífilis durante a gravidez, ela deve ser tratada com penicilina para prevenir a transmissão ao feto. Após o nascimento, o bebê será avaliado e, se houver confirmação ou suspeita de infecção, o tratamento com penicilina é iniciado, podendo durar de 10 a 14 dias, dependendo da gravidade. Além disso, o recém-nascido deve ser monitorado de perto com exames laboratoriais e acompanhamento médico contínuo para garantir que a infecção foi completamente eliminada e para tratar possíveis complicações.
Vale destacar que tanto os testes para diagnóstico de sífilis quanto os antimicrobianos para o tratamento são disponíveis no SUS.
Qual médico procurar?
Se você suspeita que possa ter sífilis, é importante procurar um médico imediatamente. Geralmente, o médico responsável pelo diagnóstico e tratamento da sífilis é o infectologista. Muitas pessoas procuram o dermatologista quando os sintomas são manchas avermelhadas na pele, particularmente nas palmas das mãos e plantas dos pés, e estes especialistas também são capazes de diagnosticar e tratar a sífilis.
Além disso, ginecologistas e urologistas também podem tratar a infecção, especialmente nos casos que envolvem os órgãos genitais.
Já no caso do bebê com sífilis congênita, o neonatologista é o médico responsável pelo tratamento. Ele é especialista em cuidar de recém-nascidos, especialmente aqueles que precisam de cuidados especiais, como no caso de infecções congênitas. O bebê também ode ser acompanhado por um infectologista pediátrico, que ajudará no tratamento da infecção com antibióticos, e outros especialistas podem ser envolvidos caso a doença tenha causado complicações em outros órgãos ou sistemas.
No Centro de Medicina Especializada do Hospital Nove de Julho, os pacientes têm acesso a uma equipe altamente qualificada de infectologistas e dermatologistas. O centro oferece um atendimento integral e personalizado, desde o diagnóstico até o tratamento, utilizando as tecnologias mais modernas e eficientes.
Com uma infraestrutura avançada, o hospital garante conforto e segurança em todos os procedimentos, oferecendo opções que vão desde tratamentos conservadores até cirurgias minimamente invasivas, visando à recuperação rápida e à melhor qualidade de vida dos pacientes.
Como prevenir?
Infelizmente, não há vacina contra sífilis. O uso de preservativos confere proteção contra a sífilis, mas quando as lesões são orais, também o beijo ou sexo oral podem levar a transmissão desta IST. Como nem todas as pessoas infectadas apresentam ou percebem os sintomas da sífilis, é importante que o exame seja feito por mulheres que desejam engravidar e pelos candidatos a pai, e repetido ao longo do pré-natal.
Pessoas com exposições sexuais desprotegidas, ou com múltiplas parcerias sexuais devem se testar periodicamente. Quando uma pessoa recebe diagnóstico de sífilis, é importante avisar a todas as parcerias sexuais, para que sejam testadas e tratadas, quebrando a cadeia de transmissão.
Além disso, outra forma de prevenção é a DoxiPEP, a profilaxia pós exposição de risco que, a exemplo de outros métodos preventivos (como, por exemplo, a “pílula do dia seguinte” para mulheres que se expuseram sexualmente e não desejam engravidar) diminui o risco de infecção por sífilis. Para mais informações sobre esse tipo de método, o recomendável seria procurar um infectologista.