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Taquicardia ventricular provoca batimentos irregulares do coração; entenda

A taquicardia ventricular é um tipo de arritmia cardíaca que provoca uma aceleração do ritmo cardíaco originado nos ventrículos
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Dr. Cristiano de Oliveira Dietrich - Cardiologista Atualizado em 19/11/2024
taquicardia ventricular

Problema é considerado uma arritmia e necessita de acompanhamento especializado

A taquicardia ventricular é um tipo de arritmia cardíaca considerada potencialmente grave, caracterizada por uma frequência acelerada nos ventrículos do coração que pode comprometer o fluxo sanguíneo do corpo e levar até a uma parada cardíaca. Arritmias cardíacas são uma condição em que o coração bate de forma regular ou irregular, podendo ser muito rápido, muito lento ou descompassado. De acordo com a Sobrac (Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas), a doença afeta cerca de 20 milhões de pessoas no país e é responsável pela morte súbita de cerca de 300 mil brasileiros todos os anos.

Confira a seguir mais detalhes sobre a taquicardia ventricular e quando procurar um médico.

O que é taquicardia ventricular?

A taquicardia ventricular é um tipo de arritmia cardíaca que que provoca uma aceleração do ritmo cardíaco originada nos ventrículos, como são chamadas as câmaras inferiores do coração. De acordo com a SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia), é considerada taquicardia ventricular um ritmo ventricular que se apresenta com três ou mais batimentos sucessivos com frequência cardíaca acima de 100 bpm (batidas por minuto).

Para se ter uma ideia, em condições normais, um coração saudável apresenta entre 50 e 100 batimentos por minuto (variando de acordo com fatores como sexo, idade etc.). Esse número pode aumentar em casos específicos, como durante a prática de atividade física ou em situações de estresse ou ansiedade, por exemplo, sem ser considerado uma anormalidade e sim uma resposta fisiológica normal do coração.

O problema é que, durante a arritmia, uma frequência cardíaca alta pode interferir na capacidade do coração de bombear sangue de forma adequada para o corpo, o que pode causar sintomas que são, algumas vezes, graves.

Dependendo da duração, a taquicardia ventricular pode ser classificada como: sustentada (dura mais de 30 segundos); e não sustentada (menos de 30 segundos). Confira a seguir outras classificações de taquicardia ventricular.

Taquicardia ventricular monomórfica

A taquicardia ventricular monomórfica é um tipo de arritmia em que os batimentos cardíacos anormais apresentam um padrão regular e uniforme. Essa forma de taquicardia ventricular costuma ser menos grave e, em muitos casos, pode ser controlada com medicamentos.

Taquicardia ventricular sem pulso

A taquicardia ventricular sem pulso é uma condição grave em que o coração bate tão rápido que não consegue bombear sangue efetivamente para o corpo (por isso o nome, “sem pulso”). Essa situação pode levar à perda de consciência e, se não for tratada rapidamente, à morte.

Taquicardia ventricular polimórfica

A taquicardia ventricular polimórfica é caracterizada por batimentos cardíacos irregulares e variáveis. Essa forma de taquicardia é considerada mais grave e está associada a um maior risco de morte súbita.

O que causa taquicardia ventricular?

As causas da taquicardia ventricular variam e muitas vezes estão associadas a doenças que afetam o coração ou à condução elétrica do coração. Algumas das causas mais comuns incluem:

Infarto agudo do miocárdio: dependendo da extensão do dano ao músculo cardíaco, a cicatrização após um infarto pode alterar os circuitos elétricos do coração.

Cardiomiopatias: doenças que afetam o músculo cardíaco, tornando-o mais rígido, dilatado ou espesso podem predispor o coração às arritmias.

Distúrbios eletrolíticos: desequilíbrios de substâncias como potássio e magnésio podem interferir no ritmo cardíaco.

Doenças congênitas: algumas síndromes cardíacas hereditárias, como a síndrome de Brugada, podem aumentar o risco de taquicardia ventricular.

Uso de medicamentos: algumas drogas, incluindo antiarrítmicos, podem provocar ou agravar episódios de taquicardia ventricular. Por isso, o uso dessas medicações necessita de acompanhamento e monitoramento periódico para evitar esse tipo de efeito.

Quais são os sintomas de taquicardia ventricular?

Os sintomas da taquicardia ventricular podem variar de pessoa para pessoa e dependem da gravidade da arritmia. Os sintomas mais comuns incluem:

· Palpitações (sensação de coração acelerado ou batendo forte);

· Tontura;

· Falta de ar;

· Fraqueza;

· Dor no peito;

· Desmaio.

Em casos graves, a taquicardia ventricular pode levar à parada cardíaca e à morte súbita. Aos primeiros sinais, é imprescindível buscar ajuda médica. A taquicardia ventricular é só um dos tipos de arritmia cardíaca. A fibrilação atrial, por exemplo, ocorre nos átrios (câmaras superiores do coração) e também tem entre seus sintomas palpitações rápidas e irregulares. Só um médico pode diferenciar as condições e fazer o pronto-atendimento.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da taquicardia ventricular começa com uma avaliação clínica detalhada, seguida por exames específicos. O principal exame utilizado é o eletrocardiograma (ECG), que registra a atividade elétrica do coração e identifica os padrões anormais de ritmo.

Em alguns casos, a monitorização com um aparelho chamado Holter, que registra a atividade elétrica do coração por meio do ECG, pode ser recomendado para acompanhar o ritmo cardíaco por um determinado período (geralmente 24 horas), especialmente se os sintomas forem intermitentes.

Além disso, testes como ecocardiograma, que avalia a função estrutural do coração; e estudo eletrofisiológico, que analisa a condução elétrica dentro do coração, podem ser solicitados para ajudar a identificar a causa exata da arritmia.

Qual é o tratamento para taquicardia ventricular?

O tratamento da taquicardia ventricular depende do tipo e da gravidade da condição. Entre as opções de tratamento, estão:

· Medicações antiarrítmicas: utilizadas para controlar ou prevenir episódios de taquicardia.

· Cardioversão elétrica: aplicação de uma carga elétrica no coração para restaurar o ritmo normal, geralmente quando o caso não é de urgência ou emergência. O procedimento é diferente da desfibrilação, que é uma descarga elétrica sem sincronização, utilizada principalmente em casos de parada cardíaca.

· Desfibrilador implantável (CDI): um dispositivo que detecta arritmias graves e aplica pequenos choques para normalizar o ritmo.

· Ablação por radiofrequência: procedimento minimamente invasivo que utiliza energia de radiofrequência para destruir o tecido cardíaco responsável pela arritmia.

Toda taquicardia ventricular deve causar preocupação?

Não, a maioria das taquicardias ventriculares ocorrem em pessoas saudáveis, ou seja, sem doenças do coração associadas. Nesses indivíduos, não há risco de morte súbita e o prognóstico é considerado benigno. O tratamento da ablação por cateter pode ser curativo para a maioria dos pacientes.

Por outro lado, uma pequena porção dos pacientes com esse problema apresenta alguma doença cardíaca associada, como infarto do miocárdio, miocardiopatias (chagásica, pós-miocardite, hipertrófica) ou canalopatias (que são doenças genéticas raras que afetam a eletricidade do coração).

Nesses casos, há sim um risco maior para morte súbita e, por isso, recomenda-se a investigação para realizar um diagnóstico mais preciso e posterior tratamento do problema.

Qual médico procurar?

Se você apresentar sintomas como palpitações, desmaios frequentes ou falta de ar, o ideal é procurar um cardiologista, médico especializado em diagnosticar e tratar problemas do coração. Quando a arritmia é diagnosticada, ele poderá também optar por encaminhar o paciente para tratamento com um especialista na condução elétrica do coração (chamado de eletrofisiologista).

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Dr. Cristiano de Oliveira Dietrich

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