O principal sintoma da infecção bacteriana é a tosse prolongada e persistente
A tuberculose é uma infecção bacteriana infecciosa, transmissível e grave que afeta principalmente os pulmões, mas que também pode atingir outros órgãos do corpo. Apesar de antiga, continua sendo um problema de saúde pública. Em 2022, matou quase 16 pessoas por dia no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. Foi a segunda principal causa de morte por um único agente infeccioso no Brasil, superada apenas pela Covid-19. No mundo, foram 1,3 milhões de óbitos, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
O que é tuberculose?
A tuberculose é uma doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, também conhecida como bacilo de Koch. A condição afeta principalmente os pulmões (tuberculose pulmonar), mas pode se disseminar para outras partes do corpo, como ossos, rins e meninges, o que caracteriza a forma extrapulmonar da doença, sendo essas mais comuns em pacientes imunossuprimidos. O bacilo é transmitido por via respiratória, de pessoa para pessoa, através da eliminação de gotículas respiratórias liberadas no ar quando uma pessoa infectada tosse, espirra ou fala. Importante ressaltar que a doença não se transmite por objetos compartilhados como roupas, lençóis, copos e talheres.
Embora a tuberculose seja uma condição tratável e curável, ela continua sendo uma das principais causas de morte por doenças infecciosas em todo o mundo, especialmente em locais com alta prevalência de HIV e condições socioeconômicas desfavoráveis. No Brasil, a tuberculose ainda representa um desafio para a saúde pública, afetando principalmente populações mais vulneráveis, como pessoas privadas de liberdade, moradores de rua e pessoas com o sistema imunológico comprometido.
Tipos de tuberculose
Existem duas formas principais de tuberculose, classificadas com base na localização da infecção e no estágio da doença:
· Tuberculose pulmonar: é a forma mais comum e afeta os pulmões. É também a forma mais contagiosa, uma vez que a transmissão ocorre através das vias respiratórias. A tuberculose pulmonar pode causar sintomas respiratórios e sistêmicos, e é a forma que apresenta maior risco de propagação para outras pessoas.
· Tuberculose extrapulmonar: a infecção pode se espalhar para outras partes do corpo, como pleura (membrana que reveste os pulmões), linfonodos, rins, ossos, sistema nervoso central (meningite tuberculosa), entre outros. Embora seja menos contagiosa, essa forma pode ser tão grave quanto a pulmonar, especialmente quando afeta órgãos vitais.
A tuberculose também pode ser classificada como ativa ou latente:
· Ativa: ocorre quando a bactéria se multiplica e causa sintomas, sendo contagiosa nesse estágio.
· Latente: nesta forma, a bactéria permanece no corpo, mas inativa, não causando sintomas e não sendo contagiosa. Mas pessoas com tuberculose latente podem desenvolver a forma ativa caso ocorra comprometimento do sistema imunológico.
Como a tuberculose é transmitida?
A transmissão da tuberculose ocorre através do ar. Quando uma pessoa infectada tosse, espirra ou fala, as gotículas contendo o bacilo de Koch são liberadas no ar e podem ser inaladas por outras pessoas. No entanto, não é fácil contrair a doença: normalmente, é necessário um contato próximo e prolongado com uma pessoa infectada para que a transmissão ocorra.
Vale ressaltar que, embora o bacilo possa sobreviver fora do corpo por algumas horas, ele não se transmite por contato físico, como aperto de mãos, ou pelo uso compartilhado de objetos, como copos ou talheres. A contaminação ocorre quase exclusivamente pelo ar, e os ambientes fechados e com pouca ventilação são mais propícios para a propagação do bacilo.
Quais são os sintomas de tuberculose?
Na forma pulmonar – que é a mais comum, os principais sinais e sintomas são a tosse persistente (por três semanas ou mais), associada a febre (geralmente no período da tarde), perda de peso sem causa aparente e suores noturnos. Mas também podem surgir: dor no peito (também conhecida pelo termo popular "dor no pulmão"), fadiga e cansaço.
Na forma extrapulmonar, os sintomas podem incluir dor nos ossos, aumento dos linfonodos, sintomas neurológicos (no caso de meningite tuberculosa), entre outros, dependendo do local afetado pela infecção.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da tuberculose é feito principalmente com o exame do escarro (para identificar a presença do bacilo de Koch nos pulmões) e com um raio X de tórax para avaliar o grau de acometimento dos pulmões.
Testes moleculares rápidos podem ser usados para detectar o DNA do bacilo e identificar rapidamente a presença da tuberculose ativa, além de fornecer informações sobre a resistência aos medicamentos.
Tuberculose tem cura?
Sim, a tuberculose tem cura. De acordo com a OMS, cerca de 85% dos casos tratados corretamente evoluem para a cura. Mas, se não tratada, as taxas de mortalidade podem chegar a 50% dos casos. Por isso, é fundamental que o tratamento seja seguido de forma rigorosa, durante o tempo indicado pelo médico. O abandono do tratamento ou o uso incorreto dos medicamentos pode levar ao desenvolvimento de formas resistentes da doença, o que dificulta o processo de cura e exige tratamentos mais prolongados e com maior risco de efeitos adversos.
Como é feito o tratamento?
O tratamento da tuberculose consiste no uso contínuo de antibióticos por seis meses ou mais, dependendo da forma e da gravidade da doença. Em geral, a fase inicial dura dois meses e costuma envolver a combinação de quatro antibióticos. Já a fase de manutenção tende a durar quatro meses e associa dois antibióticos.
Um dos entraves no tratamento da doença é justamente sua duração. Devido a sua longa duração, muitos pacientes o abandonam assim que os sintomas apresentam melhora. Por isso, é de extrema importância o acompanhamento médico mensal para garantir a adesão ao tratamento mesmo que assintomático. A falha no tratamento pode gerar recidivas e o desenvolvimento de resistência medicamentosa.
Quais riscos de tuberculose não tratada?
A tuberculose não tratada pode evoluir para várias complicações graves, como a tuberculose miliar e a meningite tuberculosa, levando a sepse e até mesmo ao óbito. Nos casos em que a infecção se agrava nos pulmões, pode ocorrer o desenvolvimento de derrame pleural, conhecido popularmente como "água no pulmão", em que o líquido se acumula na pleura, dificultando a respiração. Outras complicações incluem colapso pulmonar, insuficiência respiratória e formação de cavidades pulmonares que facilitam a proliferação de bactérias, agravando ainda mais o quadro clínico.
Como prevenir a tuberculose?
A prevenção da tuberculose envolve medidas tanto individuais quanto coletivas. A vacina BCG, administrada ainda na infância, ajuda a proteger contra as formas mais graves da tuberculose, como a meningite tuberculosa em crianças. Além da vacina, outras medidas simples podem ajudar a prevenir a infecção:
· Evitar ambientes fechados e mal ventilados;
· Sempre cobrir a boca e o nariz ao espirrar ou tossir;
· Lavar as mãos com frequência;
· Em caso de diagnóstico de tuberculose ativa, usar máscaras em locais públicos para evitar a propagação do bacilo.
Lembrando que identificar e tratar corretamente os casos de tuberculose ativa é fundamental para interromper a cadeia de transmissão.
Que médico trata a tuberculose?
A tuberculose é tratada principalmente por um pneumologista, que é o médico especializado em doenças respiratórias. Isso ocorre porque a tuberculose afeta principalmente os pulmões, e o pneumologista tem o conhecimento necessário para diagnosticar, tratar e acompanhar a evolução da doença.
Mas a doença também pode envolver o tratamento com um infectologista, especialista que trata das doenças infectocontagiosas provocadas por agentes como vírus, bactérias, fungos ou protozoários.
O Hospital Nove de Julho conta com equipes de médicos infectologistas e com pneumologistas especializados para atender pacientes com os mais diversos tipos de patologias, incluindo doenças como a tuberculose. Oferece ainda infraestrutura e recursos tecnológicos avançados para tratamentos, cirurgias e diagnóstico.