Você pode se cadastrar como doador voluntário de medula óssea nos hemocentros em todos os estados do país.
Afinal, você sabe qual a importância da medula óssea para o corpo humano? Vários ossos são preenchidos por um tecido gelatinoso, também conhecido como "tutano", que comporta as conhecidas células-tronco. Estas, por sua vez, são células especiais responsáveis pela fabricação dos elementos do sangue: as hemácias (ou glóbulos vermelhos), que transportam oxigênio pelo corpo; os leucócitos (ou glóbulos brancos), que atuam no combate às infecções; e as plaquetas, que auxiliam na coagulação.
"Um processo de autorrenovação permite que a medula óssea mantenha-se ativa até o envelhecimento da pessoa", complementa o Dr. Celso Massumoto, coordenador do Setor de Transplante de Medula Óssea do Hospital 9 de Julho.
Assim, concluímos que a medula óssea desempenha um papel fundamental no desenvolvimento das células sanguíneas, pois é justamente nela que são produzidos os componentes do sangue humano.
Por que algumas pessoas têm complicações na medula óssea?
Muitos pacientes lutam contra quadros que impactam direta e negativamente a medula óssea. As causas dessas condições incluem fatores genéticos e ambientais. Para citar alguns exemplos:
leucemia – câncer que ocorre na formação das células sanguíneas; altera a função dos glóbulos brancos; dificulta a capacidade do organismo de combater infecções; se caracteriza também pelo acúmulo de células doentes na medula óssea, que substituem as células sanguíneas normais;
linfomas – câncer que se origina no sistema linfático; pode invadir a medula óssea e afetar a produção de células sanguíneas;
anemia aplástica – doença que impede a medula óssea de produzir células sanguíneas suficientes para o pleno funcionamento do corpo humano;
doenças mieloproliferativas – fazem com que a medula óssea produza glóbulos brancos descontroladamente, o que também resulta na ocupação de células doentes no lugar das saudáveis, causando inúmeras complicações.
A necessidade de transplantar a medula óssea
"O transplante consiste na substituição de uma medula óssea doente por uma normal, para reconstituir uma medula saudável. Pode ser autólogo (a medula vem do próprio paciente) ou alogênico (com doador voluntário). O transplante de medula óssea pode ser indicado para o tratamento de aproximadamente 80 doenças. Os beneficiados com o procedimento podem ter melhora significativa da qualidade de vida e retomar o convívio social", ressalta a Dra. Alessandra Araújo Gomes, onco-hematologista pediátrica do Hospital 9 de Julho.
A especialista explica que, na pediatria, o transplante de medula óssea está indicado para anemia aplástica grave (adquirida ou constitucional); imunodeficiências; osteopetrose; mucopolissacaridoses; adrenoleucodistrofias; hemoglobinopatias; síndrome mielodisplásica; leucemias agudas (especialmente quando ocorre recaída); leucemia mielomonocítica juvenil e alguns tumores sólidos, como neuroblastoma.
Em 2019, aproximadamente 400 crianças realizaram transplante de medula óssea alogênico no Brasil.
Já na fase adulta, o Dr. Celso pontua: "O transplante de medula óssea é um tratamento curativo para uma variedade de doenças, sendo as principais: falência medular; mieloma múltiplo; doenças nos linfonodos e/ou no baço; distúrbios originários do sistema imune em geral e cânceres do sangue. Muitas vezes, o tratamento inicial de um câncer não é eficaz e leva ao retorno da doença de base, de modo que o transplante pode ajudar a eliminar esse tumor recidivado.".
Eu posso doar?
"Sim! Você pode ser um doador e salvar a vida do portador de uma neoplasia hematológica. A chance de se encontrar um doador fora da família pode variar de 1:10.000 até 1:100.000 na população", explica o especialista do H9J.
A medula óssea é um dos órgãos que podem ser doados em vida e não compromete, de nenhuma forma, a qualidade de vida do doador. Se de fato houver interesse de sua parte, você vai passar por exames clínicos para confirmar seu bom estado de saúde, sem exigências quanto a mudança de hábitos de vida, trabalho ou alimentação. O procedimento é feito sob anestesia, e, 15 dias após a doação, sua medula óssea já estará inteiramente recuperada. Viu só como ajudar outras pessoas a recuperarem a qualidade de vida é bem mais fácil do que se imagina?
De acordo com o Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome), para se tornar um doador de medula óssea é necessário:
ter entre 18 e 55 anos;
estar em bom estado geral de saúde;
não ter doença infecciosa ou incapacitante;
não apresentar doença neoplásica (câncer), hematológica (do sangue) ou do sistema imunológico;
ser avaliado caso tenha algumas complicações de saúde (muitas não são impeditivas para doação).
A Dra. Alessandra Araújo reforça um convite importante a você que está lendo esta matéria: "Aproximadamente 75% dos pacientes que necessitam de transplante alogênico precisam buscar doadores nos registros de doadores voluntários. Após um período, você poderá conhecer a pessoa que recebeu a medula que você doou, o que é sempre muito emocionante! O Redome é o terceiro maior banco de dados do mundo em número de doadores, e você pode fazer parte disso, ajudando a salvar mais vidas! Procure o hemocentro de sua cidade e faça seu cadastro, lembrando de manter seus dados sempre atualizados.".
E olha que bacana: no dia 21 de setembro, comemoramos o Dia Mundial do Doador de Medula Óssea como agradecimento a todos os voluntários e como forma de estimular mais pessoas a fazerem o cadastro nos registros.
Dados sobre os transplantes de medula no Brasil
O Ministério da Saúde divulgou, em setembro do ano passado, no Dia Nacional de Incentivo à Doação de Órgãos, um balanço sobre a doação de órgãos, tecidos e células e transplantes realizados no país no primeiro semestre de 2019 em comparação com o mesmo período de 2018. Tais dados comprovaram que os transplantes de medula óssea aumentaram 26,8%, passando de 1.404 para 1.780.
No entanto, este ano não temos tanto a comemorar. Afinal, por causa da pandemia pela Covid-19, que mobilizou o mundo, os números de transplantes de órgãos foram severamente afetados, apresentando quedas expressivas, principalmente em relação aos números do ano passado. No que diz respeito às cirurgias para a substituição de medula óssea, a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) liberou, recentemente, um documento afirmando que o número de transplantes realizados no país diminuiu 19,67% em relação ao mesmo período de 2019: no primeiro semestre de 2020, foram 1.302 transplantes no total, uma queda de 25% em relação ao último ano.
"Por isso é fundamental continuarmos disseminando a necessidade da doação de medula óssea. Afinal, esse ato salva seres humanos. Estender a mão ao próximo, por meio desse simples gesto, é dar mais uma chance para que o outro possa viver, reconduzindo-o a um estado de normalidade e permitindo sua qualidade de vida", finaliza o Dr. Celso Massumoto.
Para marcar consultas e exames, ligue para 11 3147-9430.