Você sabe o que é a neuromielite óptica (NMO)? Ela é uma doença rara, autoimune e inflamatória, que afeta o sistema nervoso central e se caracteriza por afetar predominantemente os nervos ópticos e a medula espinhal. O Dr. Rafael Paternò, neurologista do Hospital Nove de Julho e especialista em doenças desmielinizantes, explica mais sobre o assunto nessa matéria. Confira!
O que é neuromielite óptica?
A neuromielite óptica hoje abrange um grupo de doenças autoimunes que causam inflamação no sistema nervoso central e comprometem principalmente os nervos ópticos e a medula espinhal. Na maior parte dos casos pode ser detectado um autoanticorpo, chamado antiaquaporina 4, que ataca uma proteína localizada principalmente em algumas áreas do sistema nervoso.
Segundo o Dr. Rafael Paternò: “em uma parte dos casos, pode-se identificar outro anticorpo, contra uma proteína chamada MOG, expressa pela bainha de mielina". Por fim, existem casos que não são relacionados a estes dois anticorpos", acrescenta.
Quais os principais sintomas da neuromielite óptica?
A neuromielite óptica deve ser suspeitada em pacientes que apresentem quadro de neurite optica e/ou mielite transversa, de forma isolada, consecutiva ou concomitante.
A neurite optica é caracterizada por dor ocular e perda visual progressiva em horas a dias, e na NMO pode ser unilateral ou bilateral.
A mielite transversa se manifesta com diminuição de sensibilidade e força nas pernas ou nos quatro membros, além da perda do controle urinário.
Além destes dois sintomas, um quadro frequentemente identificado em pacientes com NMO por anticorpos antiaquaporina 4 é a Síndrome de Área Postrema, caracterizada por vômitos ou soluços recorrentes, não associados à náusea ou outros sintomas gastrointestinais, que podem durar por vários dias, sem melhora com medicações habituais.
Outros sintomas menos frequentes são:
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Mudanças no sono (narcolepsia sintomática);
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Vertigens e tonturas;
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Diplopia (visão dobrada);
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Espasmos tônicos dolorosos.
Neuromielite óptica tem cura?
A neuromielite óptica não tem cura, mas a doença pode ser tratada para evitar novos surtos e prevenir sequelas, proporcionando maior qualidade de vida ao paciente.
Quais os critérios diagnósticos?
Segundo o Dr. Rafael Paternò: “é necessária a avaliação do quadro clínico e, frequentemente, são necessários exames complementares como: a Ressonância Magnética, a análise do líquido cefalorraquidiano e a pesquisa de anticorpos específicos". O diagnóstico definitivo vem da combinação dos sintomas e de achados nesses exames.
Como é feito o tratamento?
O tratamento dos surtos neuromielite óptica normalmente é feito com o uso de corticoides, podendo ser necessário também o uso da plasmaférese, uma modalidade terapêutica em que o sangue é passado por uma máquina, que retira do sangue os anticorpos e mediadores inflamatórios que provocam a doença.
Para evitar a recorrência do quadro, frequentemente é necessário o tratamento com imunossupressores. Existem medicações específicas para o tratamento de NMO em processo de aprovação para comercialização no Brasil, além de medicações imunossupressoras usadas para outras doenças que também se mostram eficazes na NMO.
O médico neurologista explica ainda que além da medicação, o tratamento multidisciplinar é imprescindível, e pode contar com o auxílio de neurooftalmologistas, fisiatras, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e outros.