Um dos sintomas prevalentes de infarto ou ataque cardíaco é a dor no peito. Esse sinal pode vir acompanhado de outros: falta de ar; náusea; sensação de desmaio; suor frio e pele pegajosa. Mas a dor no peito pode também indicar outros problemas de saúde. Conheça alguns motivos e quais as características que podem revelar algumas doenças no coração.
A Dra. Cláudia Bernoche, coordenadora do Pronto-socorro do Hospital Nove de Julho, aborda o tema.
Como identificar um ataque cardíaco ao sentir dor no peito?
O ataque cardíaco, ou infarto agudo do miocárdio, acontece por causa da obstrução de artérias que levam o sangue para o coração. O principal determinante é a doença aterosclerótica dos vasos sanguíneos, que é consequência da formação de placas de gordura que se acumulam nessas artérias, que podem obstruir a passagem de sangue ou se romper, formando coágulos que interrompem o caminho do sangue, o que leva à isquemia do músculo do coração e favorece a ocorrência de arritmias e até de parada cardíaca.
O principal sintoma da condição é a dor no peito – que pode irradiar para o braço esquerdo ou ambos os braços, para as costas, o pescoço e a arcada dentaria – ou desconforto nessa região. Sintomas adicionais podem estar presentes, como suor; náusea; pele pegajosa; falta de ar e perda de consciência.
Para alguns pacientes, como os idosos e diabéticos, descrevem-se também os equivalentes anginosos (sintomas de isquemia miocárdica), que se equivalem em gravidade à dor no peito. São eles: falta de ar, palpitação e perda de consciência.
A ocorrência de gases intestinais pode ser um fator de confusão?
De acordo com a médica: “As razões mais comuns desse excesso de gases são determinadas de forma individual – pessoa a pessoa –, que varia de acordo com o trânsito intestinal e o tipo de alimentação. Em casos de dor persistente, um médico deverá ser consultado, lembrando que as características descritas anteriormente nem sempre estão presentes. No contexto, podem vir a ser um fator confundidor, como é o caso dos pacientes com múltiplos fatores de risco.”
Dor no peito ao respirar: o que pode ser?
A dor no peito ao respirar pode ser motivada por patologias menos graves, como dor da caixa torácica, contraturas musculares e lesões infecciosas da parede do tórax, como o herpes-zóster, ou até situações críticas como embolia pulmonar e acometimento pulmonar pela Covid-19.
O que fazer em caso de suspeita de parada cardíaca?
Segundo a Dra. Cláudia Bernoche: “Primeiramente, é preciso reconhecer que a parada cardíaca está acontecendo. O passo a passo para isso pode ser aprendido pelo algoritmo do atendimento do Suporte Básico de Vida para o leigo.
1. Chame ativamente a vítima, inclusive com estímulos para se certificar de que ela está consciente ou não.
2. A vítima não responde? Peça ajuda! Pode ser verbalmente, solicitando que alguém acione o SAMU (192) ou pelo telefone celular. O atendente oferece instruções para quem está atendendo a vítima: basta seguir o passo a passo pelo viva voz.
3. Se a vítima não responde na sequência – rapidamente, em até 10 segundos –, será necessário determinar se ela respira e se tem pulso.
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Como determinar se a vítima respira? Observando os movimentos respiratórios ou se a respiração é ineficiente – o melhor termo para descrever essa situação é gasping –, ou seja, há um ronco com a boca semiaberta, mas não existem sinais de respiração normal ou efetiva.
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Como determinar se a vítima tem pulso? Colocando dois dedos na lateral do pescoço para sentir se as carótidas estão pulsando.
4. A vítima não atende ao chamado, não respira e não tem pulso? Estamos diante de uma parada cardiorrespiratória!
5. Como prosseguir? Realizando a massagem cardíaca.
- Coloque ambas as mãos sobrepostas sobre o tórax da vítima, na linha imaginária entre os dois mamilos; comprima a região com força suficiente para afundar o tórax em até 5 cm; permita que o tórax retorne entre as compressões; faça-as na velocidade de 100-120 compressões por minuto.
- Ventile a vítima numa relação de 30 compressões para duas ventilações, que podem ser boca a boca ou com dispositivos de barreira.
6. Quanto tempo? Cinco ciclos de 30 compressões e duas ventilações ou dois minutos, alternando para a relação 30 por 2 se tiver como monitorizar esse intervalo. Ao término desse ciclo de cinco revezamentos de compressão e ventilação ou no fim de dois minutos, devemos checar se a vítima voltou a apresentar circulação. Como? Verificando o pulso pela manobra descrita – colocar dois dedos na lateral do pescoço ou se a vítima acordar efetivamente.
7. Sente o pulso? A circulação da vítima retornou e ela precisa ser encaminhada para um hospital ou aguardar o SAMU.
8. Pulso ausente? Retomar a massagem e as ventilações por mais dois minutos ou cinco ciclos de 30 por 2.
Obs.: essas manobras não podem ser realizadas para treino ou por brincadeira em uma pessoa consciente pelos riscos de machucar o tórax ou desencadear arritmias.
9. Qual a intenção dessas manobras? Aguardar a chegada do SAMU, que usa um aparelho chamado Desfibrilador Externo Automático (DEA), que também pode ser visto em aeroportos, supermercados, shoppings e locais com alta circulação de pessoas.
10. O que há nessa maleta? É um dispositivo que acopla duas pás adesivas, por meio das quais é oferecido um choque, quando indicado, para garantir que o coração volte a funcionar, recuperando o ritmo cardíaco.
11. Como faço para instalar? Ligue o aparelho no botão verde escrito ON ou LIGAR. Esse dispositivo aciona imediatamente uma gravação, que vai orientar com clareza quem estiver realizando o resgate.
O que fazer em caso de suspeita de ataque cardíaco?
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Ligue imediatamente para um serviço de emergência médica ou para o SAMU (192).
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Acalme a pessoa.
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Mantenha-se em um local ventilado, além de deixar as roupas da vítima afrouxadas.
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Não dê comida nem líquidos.
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Não medique a pessoa – somente em caso de orientação médica prévia.
Caso suspeite de que você está tendo um ataque, chame o atendimento médico emergencial. Não dirija, evite acidentes!