A epilepsia é uma condição neurológica que demanda uma abordagem abrangente nos âmbitos médico, psicológico e social. Afinal, a falta de compreensão em relação à epilepsia pode levar ao preconceito e contribuir para a formação de estigmas na sociedade.
O que é epilepsia?
A epilepsia é uma condição neurológica caracterizada pela predisposição persistente do cérebro em gerar crises epilépticas, que se repetem a intervalos variáveis.
Essas crises são decorrentes de uma alteração momentânea e reversível do funcionamento do cérebro. O que ocorre é uma disfunção temporária de um grupo de neurônios, interrompendo as suas funções e levando a manifestações clínicas involuntárias, como alterações do comportamento, da consciência e do controle muscular.
Quais são os tipos de epilepsia?
A epilepsia é uma doença tratada pela especialidade de neurologia e os principais tipos são a focal e a generalizada.
Epilepsia generalizada
A epilepsia generalizada é definida pela ocorrência de crises epilépticas ou convulsões que envolvem ambos os hemisférios cerebrais, ou seja, os neurônios de ambos os lados do cérebro, de maneira simultânea.
Epilepsia focal
Por outro lado, a epilepsia focal é definida por convulsões que têm início em uma área específica do cérebro.
O que causa epilepsia?
A doença pode ter diversas causas, que vão desde complicações no momento do parto até doenças neurológicas mais complicadas. De maneira geral, podemos citar:
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Complicações de parto, levando à falta de oxigênio no cérebro (anóxia neonatal);
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Prematuridade;
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Erros inatos do metabolismo, que são doenças relacionadas a alterações metabólicas desde o nascimento;
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Fatores genéticos;
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Malformações cerebrais congênitas;
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AVC (Acidente vascular cerebral);
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Tumores cerebrais;
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Infecções do sistema nervoso, como as meningites e encefalites;
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Traumatismos cranianos;
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A causa pode ser desconhecida.
Quais são os sintomas de epilepsia?
Os sintomas da epilepsia variam conforme o tipo de crise epiléptica experimentada pelo indivíduo.
Um dos tipos mais reconhecíveis é a crise tônico-clônica, comumente referida como convulsão. Essa manifestação é facilmente identificada devido aos abalos musculares generalizados, salivação excessiva e, em muitos casos, mordedura lingual, além da possível perda de urina e/ou fezes.
Por outro lado, existem outros tipos de crises epilépticas que podem ser mais desafiadoras de serem reconhecidas por pacientes, familiares e até mesmo por profissionais da saúde. Isso porque podem apresentar manifestações mais sutis, tais como parada comportamental, olhar fixo e movimentos automáticos.
Agora, na faixa etária pediátrica, podemos citar ocorrência de crises de ausência, caracterizadas pela súbita interrupção da atividade que a criança estava realizando, e frequentemente associada a piscamentos (fechamentos da pálpebra excessivos e involuntários) e movimentos automáticos das mãos.
Como é feito o diagnóstico?
Primeiramente, com uma investigação minuciosa do histórico do paciente, com informações sobre a idade de início dos sintomas, histórico familiar, antecedentes gestacionais e tipos de crises apresentadas, dentre outros.
Além disso, exames complementares são parte importante no auxílio diagnóstico. Nesse sentido, pode ser solicitado ao paciente:
- Eletroencefalograma.
- Vídeo eletroencefalograma.
- Tomografia do crânio.
- Ressonância magnética encefálica.
- Estudos de neuroimagem funcional etc.
O Hospital Nove de Julho conta com estrutura de ponta para condução de casos de pacientes com epilepsia, com corpo clínico qualificado e experiente e toda infraestrutura de alta complexidade.
O Centro de Dor e Neurologia do Hospital Nove de Julho conta com neurologistas, neurocirurgiões, neuro intervencionistas, anestesistas, fisiatras, cirurgiões bucomaxilofaciais, entre outros.
Conta, ainda, com uma Equipe de Neurofisiologia Clínica, disponibilizando exames nesta área, dentre eles aqueles relacionados ao diagnóstico de epilepsia, como o eletroencefalograma e o vídeoeletroencefalograma (Vídeo-EEG) prolongado.
O que é Epilepsia refratária?
Atualmente, refere-se à falha de dois medicamentos anticonvulsivantes, selecionados de maneira adequada e bem tolerados, seja em uso isolado ou combinado, em manter o paciente consistentemente livre de crises.
Epilepsia tem cura?
A possibilidade de cura vai depender da causa da epilepsia. Quando o paciente fica anos sem crises e sem o uso de medicamentos, pode ser considerado curado. Agora, existem tipos de epilepsia curáveis por cirurgia, embora não seja a maioria dos casos.
Vale destacar que, de maneira geral, os pacientes têm uma vida completamente normal sob o uso de medicação anticonvulsivante.
Como é feito o tratamento?
O tratamento da epilepsia é realizado por meio da administração de medicamentos anticonvulsivantes, que agem controlando a atividade cerebral e evitando ou reduzindo a frequência e intensidade das crises epilépticas.
Embora nem todos os casos possam ser tratados cirurgicamente, há situações em que os medicamentos não proporcionam resultados adequados, tornando-se necessário considerar a intervenção cirúrgica.
Essa opção não deve ser vista como uma medida de "último recurso", mas sim como uma alternativa a ser considerada, especialmente após o insucesso do tratamento medicamentoso, de acordo com os critérios de refratariedade.
Nesse contexto, uma avaliação especializada e multidisciplinar é de suma importância, sendo aconselhável procurar centros com experiência em casos desse tipo.
Contudo, caso não seja possível a cirurgia, ainda existem outras opções para o controle das crises, como o VNS (estimulador do nervo vago), dentre outras.
O VNS atua da seguinte forma: um gerador funciona como um pequeno computador acoplado a um eletrodo (um tipo de fio) que é conectado ao nervo vago no pescoço. Esse eletrodo transmite estímulos elétricos ao nervo, que vão até o cérebro e assim modificam seu funcionamento, ajudando no controle das crises.